PÁGINAS

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

MEU DIA DA INDEPENDÊNCIA VIROU DIA DE INCENTIVO AOS QUADRINHOS

Autor: Rubens Junior | Facebook | Twitter

Vamos admitir: de uma forma geral, em sua maioria percentual, o povo brasileiro nunca foi muito adepto à cultura. Mas, convenhamos, quadrinhos é uma cultura divertidíssima e, sendo assim, não é tão difícil ser incentivada. Por isso, neste 7 de setembro de 2011, Dia da Independência do Brasil, resolvi comemorar de forma diferente. Em primeira instância, já decidi que não iria gastar o feriado trabalhando e adiantando o serviço da próxima semana (como costumo fazer), e depois decidi que passaria meu feriado tentando formar novos adeptos dos quadrinhos. Na noite do dia 6, liguei para alguns amigos e combinamos de passar a manhã no parque do Ibirapuera (São Paulo) e assistirmos algum filme na parte da tarde. Porém, além do meu traje para jogar basquete, desta vez também levei para o parque algumas revistas em quadrinhos, não apenas para mim, mas escolhi a dedo uma hq para cada um daqueles que estariam comigo, dos quais nenhum é leitor de quadrinhos e, um deles, é até meio preconceituoso a respeito desta arte ("quadrinhos é coisa para criança"). No parque, após jogar um pouco nas quadras, deitei no gramado com o pessoal e introduzi o assunto sobre hq's. Comecei perguntando o que estavam achando destas adaptações que estão bombando no cinema, falei um pouco sobre a diferença entre os filmes e as hq's, até que abri minha pasta e comecei a distribuir as revistas para cada um deles. Inspirados pelo clima da conversa, eles leram a revista rapidamente e amaram as histórias.



Para um deles, selecionei a edição especial DC + AVENTURA: LANTERNA VERDE (apenas R$1,99), pois ele acabara de assistir o filme e havia curtido o personagem. Eu já admirei esta iniciativa da Panini em publicar grandes clássicos dos quadrinhos à baixo custo, e esta edição do Lanterna Verde às vésperas da estréia no cinema realmente veio a calhar como uma boa base compilada do personagem, já que suas hq's nunca foram tão populares no Brasil. Esta edição inclui a história de como Abin Sur foi ferido e acabou caindo na terra com sua nave, além das origens de Hal Jordan e Sinestro.

Para a moça que tinha (ou ainda tem) "um pé atrás" com esta arte, selecionei uma hq que é tiro certo especificamente para este caso: GAMBIT, o encadernado publicado em 2000. Não é a primeira vez que uso esta hq neste caso. Sempre dá certo. Basta eu ouvir de alguém do sexo feminino que hq é coisa para criança, que eu nem argumento mais. Quando surge a oportunidade, eu simplesmente empresto Gambit para ela ler, e seu julgamento muda automaticamente. Gambit é um personagem charmoso, com um sorriso cativante e lábia convincente. Nesta hq, suas origens são apresentadas e o foco fica no seu relacionamento com sua antiga esposa Bella Donna e seu novo romance com Vampira. Não há como uma moça não se identificar com esta história. Como eu disse, é tiro certo.

Para mim, levei a rara série de MARSHAL LAW que, neste ano, finalmente consegui adquirir. Mas não consegui ler, pois a galera ficava me perguntando sobre o que estavam lendo, eu ia respondendo e o papo estava interessante.

Havia separado o encadernado GAMBIT de 1997 para outra amiga. Ela não leu pois já estava lendo um outro livro, mas ficou empolgada para ler o quanto antes, já que sua amiga havia curtido o personagem. O papo sobre hq's se estendeu durante o almoço e acabamos assistindo Thor na parte da tarde. Como não manjam muito de cinema e menos ainda de quadrinhos, é claro que curtiram o filme muito mais do que eu (que, com fã, fico sempre reparando nos defeitos e no que poderia ser melhor).

Estávamos em poucos, mas passar o dia entre amigos e quadrinhos foi muito especial. Não é de hoje que incentivo a leitura de quadrinhos a todos, assim como indico tudo que faz bem para mim. Estes amigos do parque, especificamente, já tem me acompanhado em várias sessões de cinema e tem se divertido com este universo dos quadrinhos que, para eles, é novidade. Embora investir em novos adeptos de quadrinhos seja uma atitude simples, ela gera uma maior mobilização neste mercado que, no Brasil, é extremamente necessária. Infelizmente, ainda temos muito preconceito e restrições referentes a nona arte no nosso país e, por isso, muitos de nossos artistas só alcançam sucesso no exterior e muitas de suas obras nunca chegam a ser publicadas em português, além de outros milhares de artistas maravilhosos que nunca conseguem publicar seus trabalhos e, as vezes, nem concluí-los, pois precisam arranjar outros empregos, outra profissão que pague as contas, já que o sucesso no mercado de quadrinhos no Brasil ainda é um desafio quase impossível. Enfatizo que essa realidade não irá mudar com uma grande atitude de uma grande instituição, mas com pequenas atitudes de milhares de pessoas. Se você é fã, não guarde só para você ou para seu seleto grupinho de "nerds": Leia quadrinhos, compre quadrinhos, indique quadrinhos, produza quadrinhos, divulgue quadrinhos.

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