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sábado, 14 de janeiro de 2012

UMA LISTA DIFERENTE DAS 10 MELHORES HQS DE 2011



Pois bem! Mais um ano se passou e, como de costume, todos esperam conferir as listas dos melhores do ano, para poderem conferir, opinar, descobrir, comparar, criticar, etc. E por isso é tão legal ESCREVER estas listas. Pois é o tipo de matéria que você sabe que o público vai ler ou, ao menos, avaliar seu ranking. E, pra mim, o prazer de construir este ranking das melhores hqs de 2011 se dá por 2 motivos particulares:

  1. 2011 muita hq de qualidade foi lançada por autores brasileiros. Muitas mesmo! E eu amo divulgar artistas e autores nacionais, "gente da gente" como dizem. Pois são pessoas que temos fácil acesso, fazem parte da nossa cultura e, sendo assim, contam histórias mais familiares do nosso cotidiano.
  2. 2011 foi o ano que eu realmente mergulhei no mundo dos quadrinhos. Após anos sem desenhar hqs, sem pesquisar nada, sem comprar hqs, sem interagir com ninguém do ramo, no começo de 2011 eu quebrei este jejum, lancei este blog, voltei a comprar hqs, desenhar, pesquisar, descobrir novos artistas, interagir com novos parceiros, e tudo isso foi ótimo! Me fez muito bem.




Porém, ao voltar das minhas atividades e compromissos de final de ano, percebi que já haviam diversas listas destas "10 melhores", "20 melhores", e outras tantas melhores em diversas mídias, inclusive em mídias que nem são de quadrinhos.. rs. E, conferindo estas listas, percebi 2 coisas também:

  1. Elas são muito parecidas. Mudam pouca coisa entre uma e outra. Inclusive, acho que o melhor artigo sobre estas "10 melhores" saiu pelo blog Gibizada, de Telio Navega, onde ele reúne listas de algumas das mídias mais importantes do ramo, e estabelece as melhores no ranking através das mais votadas entre elas. A revista O Grito também publicou uma lista excelente das 20 melhores, que vale a pena conferir.
  2. De forma geral, EU CONCORDO COM ESSAS LISTAS. Se eu fosse fazer minha lista das "10 melhores hqs de 2011" desta forma convencional, seria apenas mais uma lista com apenas 2 ou 3 hqs diferentes (pois algumas desse ranking geral eu ainda não li), mas com os mesmos vencedores no topo do ranking.


Ou seja: pra ficar igual, é melhor nem fazer. Mas, como é legal fazer, tive uma idéia mais legal ainda para elaborar minha lista das 10 mais, que não só apresenta algo diferente para o público, como também é uma forma muito mais particular de se fazer um ranking do meu ano:


AS 10 MELHORES HQS ADQUIRIDAS EM 2011
por Rubens Junior

É isso mesmo. Deixei de lado os melhores lançamentos de 2011 (que vc pode conferir em outras mídias), e me concentrei num ranking mais exclusivo, que é só meu, e o compartilho com vocês. Já adianto que, como divulgado no título da matéria, a lista é diferente mesmo! Não escolhi 1 revista por categoria, mas sim um gênero, um estilo, ou o que me deu vontade de escolher. Pois, voltando a comprar hqs em 2011 após muito tempo desconectado deste ramo, eu optei por me atualizar, e meus focos de aquisições foram um pouco diferentes do público geral. Confira:


10º | FORMATINHOS



Impossível voltar a comprar quadrinhos sem antes tentar completar meus formativos. Não sei qual é a sua época, meu primeiro contato com os quadrinhos foi na época dos formatinhos da Superaventuras Marvel, onde descobri o Demolidor de Ann Nocenti e John Romita Jr., o Wolverine de Larry Hama, Mark Silvestri e Mark Teixeira, e claro, os X-Men de Chris Claremont e Jim Lee. Foi a minha "Era de Ouro" particular e, até hoje, considero a melhor fase das histórias em volumes mensais, principalmente para X-Men e Wolverine. Porém, como nesta época infanto/adolescente eu não tinha grana, algumas hqs ficavam só no sonho. Hoje estes formatinhos são bem mais difíceis de colecionar. É necessário uma árdua investigação e corrida pelos sebos. Mas, pra mim, vale o esforço, pois estes formatinhos não entram em "piores" ou "melhores", eles são essenciais. Ainda não completei todos, apenas o Wolverine. Mas estou no caminho...

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9º | A ESPADA SELVAGEM DE CONAN



Esta hq de John Buscema foi a escola de desenho e anatomia de toda uma geração de desenhistas, e eu estava incluso. Nenhum desenhista que se prezasse a fazer quadrinhos, heróis ou músculos, poderia sobreviver sem ao menos meia dúzia de Conan no canto do quarto, ao lado da prancheta de desenhos. O fato da hq ser preto e branco, obrigava os  ilustradores a focarem o trabalho na luz e sombra. Joh Buscema era o mestre, mas muitos outros ilustradores se destacavam nas histórias secundárias. E o fato das histórias serem fenomenais, fortes e, claro, bárbaras, era mais uma cereja no sorvetão. Esta série vendia tanto, que em algumas épocas, ultrapassava as vendas da revista Veja. E isso é ótimo, pois fez com que ainda hoje seja fácil encontrar, devido a quantidade enorme de publicações que foi impressa. Outra aquisição essencial, que eu não poderia ignorar. Não tenho nem metade da série total, mas já tenho as edições que mais gosto, da fase do Buscema.

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8º | CONAN REI



Eu sei que quase ninguém colocaria esta série na frente da Espada Selvagem, mas esta pequena série de Conan Rei me fez pirar quando foi lançada, por 2 motivos:

  1. A série foi lançada em cores. Uma novidade épica para os fãs de Conan, que só o conheciam preto e branco. Era a conversa de bastidores entre os desenhistas: "Meu, Conan é tão bom.. imagina se fosse colorido, hein!"
  2. Finalmente Conan se tornou Rei! Poxa, é o destino que o personagem sempre desejou, desde sempre, ser rei, ter sua esposa, um filho.. ter paz. Inclusive, embora o filme "Conan - O Destruidor" seja bem ruinzinho, o final dele é muito bom, quando a princesa o convida para se tornar rei ao lado dela, ele responde: "Obrigado, mas eu terei o meu reino, e a minha rainha." Demais!

Até 2010 eu só tinha 1 edição do Conan Rei (também pelo fator "dinheiro"), e adorava ela. Já li umas 10 vezes, já copiei com carbono, já fiz adesivos com as ilustrações.. esta edição já estava tão judiada, que tive que comprar outra. Mas, como muita gente não curtiu muito, e até hoje é bem pouco comentada, eu, depois de crescidinho, dei uma reavaliada no material. E a verdade é que realmente é muito bom! Não o melhor, "A Espada Selvagem" é sem dúvida melhor, mas Conan rei é lenda!  Devido a pouca procura, consegui completar esta coleção rapidamente em apenas um dia no centro de São Paulo. Ou seja, obrigado por não gostarem!

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7º | O PEQUENO NINJA



Vou confessar algo que poucos quadrinistas tem coragem de dizer: eu nunca curti Turma da Mônica quando era criança. É claro que não! Ora poix!!! Eu era um menino macho, que curtia correr, brincar de lutinha, brincar de bonequinhos de guerra, de assistir Comandos em Ação, Jiraya e, sobretudo, pensava sim em paquerar as menininhas… Como é que eu ia gostar de uma revista onde o menino principal fala "elado", o outro não toma banho e, o pior, todos apanham da menina!!! Eles não brigavam, não revidavam, não namoravam, e ainda xingavam as meninas… eles não faziam nada que eu, também garoto, fazia. Eu tinha total aversão à Turma da Mônica! Não chegava nem perto, pois não encontrava nenhuma referência masculina que me inspirasse como "herói". E os desenhos bem infantis também não me cativavam, já que eu curtia mais músculos e robôs. Pra não dizer que eu não curtia nada da Turma da Mônica, eu curtia o Franjinha, que é o mais bonitinho, não "zoa" as meninas e é inteligente; e também curtia o fato de que, em algumas histórias, apareciam uns "fortões" coadjuvantes ou algumas adaptações de heróis. Lembro até hoje de uma história em que o Cebolinha contrata o Arnold Schwarzenegger (do Comando para Matar) para vencer a Mônica. Poxa, essa eu curti.. rs. Essa sim apareceu um personagem que era "a minha cara". Mas, em suma, era isso. Eu não curtia Mônica e ansiava por um personagem da minha idade (8/9 anos) que não fosse bobão, mas fosse ninja! E, do nada, eis que surge O Pequeno Ninja!!! Quando essa hq foi lançada, parecia que alguém havia lido minha mente! Consegui comprar a nº 1 e me apaixonei total por tudo! Era tudo que eu queria num personagem: Eugênio, embora não fosse o mais bonito, era inteligente, educado, bom filho e, acima de tudo, era um ninja disfarçado, que lutava contra o mal e a injustiça, mesmo dentro da sala de aula. Bom demais. Até então, eu só tinha esta primeira edição. Este ano consegui várias outras, mas ainda falta muito o dobro do que tenho para finalizar. Uma pena este personagem não ser mais produzido. É o tipo de leitura que daria para meu filho. Saiba tudo sobre O Pequeno Ninja clicando aqui.

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6º | PANINI BOOKS



Finalmente os melhores trabalhos dos super-heróis estão sendo publicados de forma que os dignifique! É de socar a parede quando obras de artistas maravilhosos chegam às bancas em papéis porcaria, formatos pequenos, coleções meia boca. A Panini merece uma sinfonia de aplausos por honrar algumas obras com estes formatos de luxo, em papéis de qualidade e capa dura. Obras de Esad Ribic, antigas séries e encadernações, merecem muito essa consideração. É outro desejo que sempre tive: ver as obras qual mais curto em publicações dignas. Sempre quando saia uma minissérie avulsa legal ou até uma seqüência de histórias genial dentro dos volumes mensais, eu pensava: "Meu, bem que eles podiam fazer um encadernado disso, hein? Com capa dura, tamanho gigante, papel de qualidade… já pensou?". Pois é, este desejo agora é real e, sinceramente, eu tento comprar todos estes books, de todos os heróis. Tenho sim meus preferidos, mas nenhum deles é ruim. Pra mim, todos estão valendo o money, tanto pela hq em si, como também ficam bonitos na prateleira.. rs.

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5º | ROBERT CRUMB



Outro que dispensa muitas apresentações: Robert Crumb. Amo sua ilustração: o volume, as formas, os detalhes, a notória paciência que ele tem para compor cada imagem, tudo. Embora eu não curta muito Crumb como escritor, ele como ilustrador é um dos meus preferidos, dentre todos que já vi. Por isso as hqs que mais admiro dele são aquelas que não são ele quem escreve.

  • Blues foi ele quem escreveu, mas é uma belíssima homenagem a este estilo musical, que faz parte da história da música atual, do povo negro, é uma obra marcante.
  • Bob e Harv, pra quem não sabe, é uma coletânea das histórias que Crumb (Bob) ilustrava para a hq de Harvey Pekar (Harv), chamada American Splendor. Amei este encadernado pois, de todos os ilustradores que já passaram por esta hq, Crumb foi um dos únicos que curti, e as histórias do Harv são muito honestas, muito pessoais.. não tem como não se identificar de alguma forma. Caso ainda não conheça Harvey Pekar, assista o filme "O Anti-herói Americano", e com certeza também se tornará fã dele.
  • Gênesis é isso: é o próprio primeiro livro da Bíblia, e é ilustrado por Crumb.. rs, é claro que é ótimo! A história da Bíblia é impressionante e a ilustração é inspiradíssima.

As 3 obras são as únicas que tenho do autor, mas pra mim valem como uma só, que se completam reunindo tudo que admiro no autor.

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4º | LOBO SOLITÁRIO



Eu nunca compro nada de nenhuma coleção se não é certo que a coleção será lançada por completo, mesmo que eu curta muito as edições avulsas. Lobo Solitário dispensa apresentações. É um clássico, é muito bom, serviu e continua servindo de referência para muitos projetos, é essencial também. Porém, suas publicações eram sempre aos picados, nunca chegavam ao fim. Então, finalmente quando foi publicado de forma adequada pela Panini, eu não fiquei sabendo… rs. Foi na época em que eu não estava mais acompanhando os quadrinhos e, quando descobri, algumas edições já estavam fora de catálogo. Mesmo assim consegui comprar quase todos. Faltam apenas 2. E esta obra é tão boa, mas tão boa, que ao invés de ler o que tenho, vou esperar conseguir as duas que faltam, vou levar a coleção inteira para praia em algum feriado, e ler à beira mar todas as 28 edições. Não é algo digno de ser lido na correria do dia-a-dia.

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3º | COLEÇÃO GIGANTE ROSS/DINI



Belíssimas! Lindas! Apaixonantes! De todas, apenas uma comprei em 2011. Porém, como são o que considero "as rainhas" das minhas hqs, eu só conto a partir do momento em que esta coleção ficou completa. E só em 2011 eu consegui encontrar o "Super-Homem - Paz na Terra" em condições perfeitas. Fiquei anos procurando! Todas as outras eu consegui comprar logo quando foram publicadas. Pra quem nunca viu, esta coleção é o que eu considero ideal para este nível de artistas. É indignante ver Alex Ross tendo todo aquele trabalho, ilustrando cada detalhe do corpo humano, para ser impresso num formato que a gente não consegue enxergar nada disso! Esta coleção é magnífica, desenvolvida por dois artistas excelentes, impressa num formato gigante e, por tudo isso, até hoje ela é valorizada como se deve. A edição do Super-Homem foi a última que consegui comprar, e é a melhor de todas. Interessante que a ordem de quais são as melhores é a mesma ordem de lançamento: a do Batman fica em segundo, a do Shazam terceiro, depois Mulher-Maravilha, Origens Secretas e, por último, uma história bem fraquinha, Liberdade e Justiça. Caso queira mais resenhas e curiosidades sobre estas revistas de luxo, basta clicar no nome delas, pois curto tanto esta coleção, que os primeiros posts deste blog foram em homenagem a elas.

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2º | BRASILEIROS



Sim, eu curto muito estes novos artistas brasileiros. Mas não. Eu não acho que estas obras brasileiras chegam aos pés da Coleção de Alex Ross e Paul Dini, nem aos pés do Lobo Solitário, nem do Robert Crumb. Porém, como esta lista não é das hqs que considero melhores, e sim das hqs que mais fiquei feliz em adquirir em 2011, estas hqs brasileiras ficam em 2º lugar neste ranking. Pois, a nível de felicidade, realmente fiquei maravilhado em me reconectar ao mundo dos quadrinhos, e ver um mercado totalmente diferente do que eu conhecia: com artistas brasileiros produzindo obras marcantes, de muita qualidade, o público reconhecendo, os eventos divulgando, os artistas dando palestras e, acima de tudo, cada um no seu estilo, fazendo seu trabalho do jeito que lhe convém. Antigamente no Brasil, ou você desenhava como o mercado pedia, ou você não conseguia trabalhar com quadrinhos. Hoje é ao contrário: ou você tem seu estilo próprio, sua hq, seu trabalho finalizado, ou você não entra no mercado.. rs. É totalmente o oposto, e isso é ótimo! É realmente um sonho para quem lida com hqs o momento que o Brasil está vivendo, e eu estou fascinado em regressar a este meio justamente nesta fase primorosa. O único porém é que os preços destas hqs estão altíssimos, vide na pouca quantidade que possuo. De qualquer forma, foi uma felicidade enorme poder adquirir trabalhos brasileiros, pagar estes trabalhos, contribuir com este mercado, participar de eventos, divulgar estes trabalhos no meu blog, conhecer estes parceiros de profissão, show! Pois, embora muita gente reclame que "é difícil fazer quadrinhos no Brasil", só quem lida com quadrinhos há tempos sabe o quanto já foi bem mais difícil trabalhar neste ramo por aqui. Parabéns a todos os hermanos que tem feito hqs! Tamo junto!

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1º | MSP 50



Aí está! O 1º lugar no ranking, o que considero ser minha melhor aquisição de hqs em 2011: A TRILOGIA MSP 50! Fenomenal, bela, divertida, emocionante e, acima de tudo, algo que ficará marcado não só na história das hqs, mas na história do Brasil. E, se você leu tudo que escrevi até agora, já entendeu exatamente porque eu curto demais esta coleção: ela tem tudo que eu admirei em todas as outras citadas acima!

É UM PROJETO PERFEITO - Como designer, obviamente adoro projetos. Admiro demais quando existe uma elaboração mais meticulosa por trás do produto, envolvendo muita organização, raciocínio, uma engenharia mental prolongada, para avaliar todas as possibilidades e consequências de qualquer atitude, a curto e a longo prazo, antes mesmo do primeiro toque no lápis para desenhar. E, nesta trilogia, nota-se tamanha elaboração, mesmo para quem não acompanhou o processo. Mesmo para quem nunca leu, basta folhear as hqs para enxergar as variadas formas de arte, e perceber obviamente que o produto não surgiu de forma corriqueira. É um tremendo de um projeto muito bem elaborado, que resultou num excelente produto final de muito sucesso.

SÓ TEM FERA - Realmente a seleção de artistas é pra ninguém botar defeito. Tem para todos os gostos, gêneros, espécies, estilos, raças, credos, línguas e nações.. rs. O mais interessante na seleção de artistas, é que essa distinção entre eles não se dá apenas pela qualidade técnica da ilustração. Pelo contrário, a ilustração se tornou apenas uma característica, dentre muitas outras: Algumas histórias são lindas visualmente, outras são muito engraçadas, algumas exóticas, outras mais criativas, outras demasiadamente emocionantes, dentre diversas outras distinções. Cada artista tem seu forte e sua marca. É um prazer avaliar não só as histórias, mas as diferenças entre cada um deles. Ótimo também poder descobrir estes artistas, pois podemos também acompanha-los em seus trabalhos cotidianos.

É UM ARTIGO DE LUXO - Como já disse, odeio quando um excelente trabalho não é devidamente divulgado e aproveitado. O MSP 50 é um exemplo perfeito de como um bom trabalho em hq deve ser dignamente apresentado. Um trabalho de impressão de máxima qualidade, capa dura, texto introdutivo, resumo de cada artista participante no final e, acima de tudo, o trabalho de divulgação desta coleção foi realizado à altura da qualidade do produto. De alguma forma você ouviu falar de MSP 50, via rádio, tv, internet, bate-papo e, quando ouviu falar, de alguma forma ficou sabendo que era algo especial. Assim se faz com artigos de luxo. Ninguém sabe quem nem como se faz as jóias, ou os relógios caros, mas eles são extremamente bem divulgados de forma que o público respeite o produto e pague por eles. O mesmo conseguiram fazer com o MSP 50. A maioria dos artistas de hqs não são conhecidos ao público geral, mesmo os mais famosos. Veja lá os menos conhecidos. Porém, a divulgação e o produto final foram elaborados de forma tão luxuosa que deu até um upgrade no status dos participantes em relação ao público. Assim sempre deveria ser.

É POR UMA BOA CAUSA - A inspiração para este projeto tem um bom motivo. O aniversário de 50 anos de qualquer pessoa, de qualquer projeto, de qualquer empresa.. qualquer coisa que faça 50 anos vale demais uma comemoração especial. Agora, comemorar os 50 de carreira de um artista que faz sucesso com quadrinhos, num país onde os quadrinhos não fazem sucesso, não deixa ninguém milionário, não traz status pra ninguém... realmente justifica tamanho projeto, tantos artistas, e tanta badalação na comemoração. Se Maurício de Sousa fosse um fenômeno mundial com sua Turma da Mônica nos EUA, ou na Europa, seria algo comum. Mas ele o é aqui, no Brasil, e isso faz toda a diferença. Se viessem mais 2 ou 3 MSP 50 ainda valeria a comemoração. Apenas 3 foi pouco.

É A TURMA DA MÔNICA QUE EU SEMPRE QUIS VER - Como eu disse no comentário do Pequeno Ninja, eu não curtia a Turma da Mônica quando garoto. Hoje, como profissional, eu não só curto muito como também desenvolvo o Cris, meu personagem infantil, nos mesmos padrões de inocência da Turma da Mônica, pois agora entendo os motivos pelos quais a Turma é como é, e tais padrões se encaixam no público que visa alcançar. Mas o MSP 50 apresenta TUDO que eu sempre quis ver na Turma da Mônica desde sempre! Estilos mais soltos e histórias mais ousadas, trazendo a turminha para mais perto da realidade. Embora algumas histórias sejam bastante surreais, o psicológico, caráter e personalidade de cada personagem foram extremamente expostos, e podemos notar quão profundos podem ser personagens tão simples. Interessante que, há alguns anos atrás, ao visitar meu primo Anderson Resende, ele me mostrou alguns esboços que havia feito para um teste de filme de animação da Turma da Mônica. Ele primeiro me mostrou os layouts padrões que o MSP enviou para ele, com anatomias e feições faciais variadas de cada personagem. Já os esboços dele apresentavam as mesmas posições e expressões faciais, porém com estilos e aparências extremamente diferentes: O Cebolinha dele parecia um personagem do Matrix, com um óculos estilo nadador, mas futurista, a sujeira do Cascão eram mais grotescas... e em cada personagem ele havia dado seu toque de "loucura". Eu, quase babando em cima das artes, falei "Uauuu, eles vão produzir esse material???". Ele, triste, respondeu: "Nada.. eu até tentei fazer do jeito deles, mas eu não consigo fazer sem fazer do meu jeito. E eles nunca vão aprovar isso." No final das contas, essa "loucura" e personalidade dos artistas era realmente tudo que nós, pelo menos, os artistas, queriamos ver na turma da Mônica. E considero que esse seja o melhor das histórias, das hqs, dos livros, filmes, novelas, seriados, músicas, do vovô que inventa as histórias para os netinhos, e para todos que contam histórias: quanto mais profundo e realista for o conteúdo, com o toque particular de cada artista ou contador da história, o final feliz é garantido.

E, como resultado positivo de tudo que disse sobre o MSP, vou contar uma das historinhas reais que vivi nesta minha incursão de "Divulgador e Incentivador Oficial de HQS":

A última vez que minha irmã mais velha veio me visitar no estúdio, eu fiz questão de mostrar a coleção MSP 50 para ela, mas o fiz de uma forma bem sorrateira, justamente para captar a reação de um "leigo" no assunto de hqs, mas que, como todo brasileiro, conhece a Turma da Mônica. Enquanto ela estava em frente à minha prateleira de hqs, admirando a quantidade, eu peguei apenas uma edição do MSP, entreguei na mão dela, e disse "Veja o que acha..", e fiquei esperando a reação. Pelo fato de ser um produto pesado, em capa dura, com uma ilustração bonita na capa, obviamente ela disse logo de cara "Oh.. que legal!". Mas o que eu queria realmente saber é se ela se interessaria em ler o produto, não só em achar bonito. Então eu concordei que era legal apenas com a cabeça e não falei mais nada, voltei a trabalhar. Concentrado no que eu estava fazendo, eu meio que esqueci disso e fiquei um bom tempo trabalhando. Após uns 20 min, eu me lembrei que havia deixado a revista com ela e levantei desesperado para procurá-la (artigos assim jamais saem da minha vista em mãos alheias.. rs). Ao levantar da cadeira, vi que ela ainda estava sentadinha no sofá atrás de mim, quietinha, concentradíssima no que estava vendo. Então eu fiz uma pergunta bem óbvia, só pra ter certeza:
- O que você está fazendo?
Ela disse: - Lendo, ué.
- Mas, você curte ler hqs?
- Claro que não. Mas esta aqui é demais!
Com um sorriso no rosto, eu respondi: - Então quando você acabar eu te empresto mais duas! - E mostrei as outras duas edições do MSP. Os olhos dela se arregalaram e começamos a rir.


E esta foi minha maravilhosa lista das 10 mais de 2011! Espero que tenha curtido, espero realmente que em 2012 mais hqs e artistas surjam, que os preços caiam, que o público aumente, que a visibilidade para artistas brasileiros e independentes seja cada vez maior também. E, para confirmar tudo isso, estarei aqui, firme e forte, divulgando tudo isso aqui pelo OSQ.

E, se você gostaria de saber como me organizo para obter os volumes e edições de hqs que me faltam, para não comprar edições repetidas, confira no video abaixo:



Grande abraço!
Rubens Junior!

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