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segunda-feira, 19 de março de 2012

O LOUCO, A CAIXA E O HOMEM, E MINHA NOVA FASE DAS CURTAS LEITURAS

Autor: Rubens Junior | Facebook | Twitter


TÍTULO: O LOUCO, A CAIXA E O HOMEM
PUBLICAÇÃO: 2011
EDIÇÃO: ÚNICA
CAPA E ILUSTRAÇÃO: WILL
ROTEIRO E ARGUMENTO: DANIEL ESTEVES
ORIGEM: BRASIL
EDITORA: INDEPENDENTE
CATEGORIA: EDIÇÃO ESPECIAL
GÊNERO: ALTERNATIVO
PÁGINAS: 56
FORMATO: 20 X 20 CM
PRODUTO: PB/LOMBADA QUADRADA

Dia 20 de janeiro deste ano (2012), fui prestigiar o Dossiê HQ na Gibiteria, no qual participaram os camaradas Caio Majado, André Diniz, Will e Daniel Esteves, com o grande Laudo Ferreira mediando o programa. No final, naquele bate-papo legal que sempre rola, enquanto conversava com a galera, estava eu folheando e avaliando as hqs das prateleiras, aqueles books maravilhosos que os brasileiros tem produzido, vislumbrando quais eu haveria de comprar, até que me dei conta de uma verdade atormentadora: há anos eu não consigo ler nenhum book.



Minha vida está na fase da correria total, com muitos trabalhos e projetos em andamento, e essa é a prioridade. Já aquele tempo gostoso para relaxar na poltrona ou deitar no gramado do parque para ler algo com várias páginas, muito texto, não está existindo mais. E, no meu caso particular, não funciona ler aos poucos. Eu só paro para ler algo se tenho tempo para finalizar a leitura. Pra mim, ler aos picados é a mesma coisa que ver um filme por partes, 10 min. agora, 30 min. no outro dia, mais 15 depois... não rola. E, devido a falta desse tempo (que normalmente era a noite ou nos finais de semana), cheguei ao resultado absurdo, que nunca imaginei ser possível, de ter mais livros e hqs na minha prateleira não lidos do que lidos. Fato absurdo, mas que, aos poucos, se tornou mesmo real. E nem sou de comprar muita coisa, nem compro todo mês. Mas, ao longo de 2011, fui comprando alguns books da Panini, alguns encadernados, algumas edições especiais volumosas, sempre na esperança comum de que "quando tiver um tempo eu leio". Esse tempo acabou não chegando até agora.

Mas a questão que me incomodou mais é que eu SÓ curto ler esses books gigantes. Sempre curti coisas com muito conteúdo, que vão se aprofundando no assunto, destrinchando detalhadamente o assunto, de forma extremamente minunciosa, demonstrando o quanto cada palavra lida foi meticulosamente pensada e projetada para ser escrita, o quão profundo foi o estudo do autor antes de finalizar o trabalho, etc. Quanto mais assim, melhor. Pois meu prazer é fazer o mágico ritual: deitar relaxadamente, com um suco ou um refri ao lado e alguns petiscos básicos, e desfrutar a leitura da obra durante o tempo que durar, e gastar mais um tempo refletindo o tema. Assim como no cinema, onde todos entram mas a luz e apagada, é exigido silêncio, para que haja concentração e aproveitamento total do programa. Por isso, minha prateleira tem pouquíssimo dos materiais chamados "gibizinhos", revistinhas de cartuns cômicos, a famosa "leitura rápida", daquelas que você lê rapidinho entre uma estação e outra do metrô, cuja única intenção é aquele curto divertimento, para alegrar aquele pequeno momento do dia.


Pois é... estava pensando tudo isso enquanto passeava pelas prateleiras da Gibiteria, até que passei na mesa com as obras dos artistas presentes no evento, e bati o olho na hq do Will e do Daniel Esteves. Eu estava curioso para vê-la em mãos fazia um tempinho, desde que lançaram, pois tem uma capa sem título, sem logomarca, sem dizeres, apenas com a ilustração. Peguei, comecei a folhear e, além de ter obviamente curtido a característica ilustração do Will, já deu para perceber que não seria aquela leitura extremamente profunda, para "aquela" reavaliação pessoal interna como do meu costume, mas algo mais leve, parecia uma leitura mais solta, do jeito que não costuma me interessar. Porém, baseado nos meus pensamentos anteriores, tomei uma decisão diferente e resolvi dar uma mudada geral no meu costume de leitura, já que ele não está se adequando a minha atual rotina. E, como meu tempo está curto, decidi que o mais adequado é que eu encontre agora leituras curtas de qualidade, leituras leves que, por mais que durem pouco, me entretenham bastante, para não continuar comprando e não lendo (ou demorando meses para começar a ler), e também ler aos poucos os grandes books nem é uma opção. Decidi, e comprei na hora O LOUCO, A CAIXA E O HOMEM.


Conversei mais um pouco com a galera e bora pra casa, onde cheguei, tomei um banho rápido e me deitei para ler a nova hq lá pela meia noite. Talvez, para você que está lendo este texto, nem seja grande coisa, mas era minha primeira leitura em meses de ansiedade para ler algo do começo ao fim. Leitura é um costume que tenho desde sempre e realmente havia muito tempo que eu não parava e fazia isso, só isso, do jeito que meu ritual exige. Além do que, esta seria uma leitura rara pra mim, a primeira dessa nova "fase rápida".

Não sei se você já leu ou ouviu algo sobre a história dessa hq (eu não vou contar), mas o enredo te pega de jeito. Você começa a ler, vai tentando associar o título ao conteúdo, o diálogo do Daniel é meio inusitado mas vai fazendo sentido, e você vai devorando as páginas para chegar a conclusão, ao mesmo tempo que você tenta não correr muito para conseguir apreciar todos os detalhes da ilustração do Will, e a conclusão é que eu não me arrependi nem um pouco de ter comprado. A leitura foi curta, mas muito entretida. Uma história criativa, com uma conclusão um tanto inesperada e uma moral interessante. E, por não ter milhares de páginas, o preço também é bastante atrativo, ao contrário dos grandes books brasileiros que estão custando uma fortuna.


Adendo interessante são os extras da hq (pois é, não é só dvd que tem extras... hqs costumam ter extras há muuuito tempo). Além da biografia profissional dos autores, há algumas ilustrações e conceitos iniciais da história, alguns projetos, explicando como chegaram ao resultado final, como o exemplo do personagem louco, que faz referência ao Louco do Maurício de Sousa, entre outras coisas. Não sei você, mas adoro estes extras. Eles aproximam o leitor como parte do projeto, não só do produto.


Quanto a hq, parabéns ao Will e ao Daniel pelo trabalho, ficou muito legal. Quanto a mim, foi um bom começo para essa minha nova fase das "curtas leituras". Prossigo eu agora em busca de novas iguarias desse gênero. Aceito indicações.

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