Realizado pela Fundação Municipal de Cultura, a 8ª edição do FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos) aconteceu entre 13 e 17 de novembro, com entrada e atividades completamente gratuitas, na Serraria Sousa Pinto, em Belo Horizonte, MG, a terra da comida boa e do sol quente (e estava, muito!). Criado em 1999 e realizado a cada dois anos, o FIQ se tornou fundamental no processo de valorização e crescimento dos quadrinhos no Brasil.
ATIVIDADES
28 estandes e 36 mesas. Foi o suficiente para cansar o público com tanta variedade de obras. Cartum, realista, clássico, básico, rebuscado, ousado, definido, com tinta, lápis, digital… Houve muito de tudo, para todos encontrarem o que mais gostam, pra ninguém botar defeito! Haviam muitos debates, sessões de autógrafo, palestras, lançamentos, oficinas e muito mais. Só ficava parado quem queria ou quem estava muito cansado de tanto correr entre uma atividade e outra.
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| Com tanta atividade, o cansaço era inevitável. Mas não pra tanto.. rs. |
EXPOSITORES
Muito bacana ver tanto artista feliz, lançando ou divulgando seu trabalho para o público, conhecendo novos colegas de hqs, trocando informações, indicando gráficas, materiais, etc. Isso só confirma algo que percebi há alguns anos, ao entrar para este ramo: ao contrário de muitas outras profissões, o ramo de quadrinhos é formado, em sua grande maioria, por camaradas. A mim, isso impressiona bastante, já que trabalho há quase 20 anos com design e publicidade, e só tenho 1 amigo neste ramo. Justamente pela índole estranha encontrada nesta área, onde cada um corre atrás do seu, sem regras ou precauções. Se for preciso derrubando o outro e passando por cima sem olhar para trás. Então, quando vejo caras que estão no ramo dos quadrinhos há mais de 20 anos, renomados com diversas publicações, conversando humildemente com fanzineiros que começaram este ano vendendo produtos xerocados, batendo papo informalmente, sem nenhum interesse obscuro, apenas pelo prazer de conhecer gente nova… é lindo de ver.
BIMBO GROOVY - Pelo trabalho exposto e pela simpatia dos artistas, foi meu estande preferido. Logo ao entrar já me senti em casa. Conhecia só alguns dos artistas, mas em cinco minutos já estávamos papeando sobre arte, trocando autógrafos, curtindo o momento. E, sim, havia bastante obras lá para serem admiradas e adquiridas. Só senti falta de mais publicações individuais destes artistas, já que a maioria foi feita em grupo. Mas, já que estou aqui, já destaco o trabalho que mais me impressionou neste evento, adquirido neste estande: ME & DEVIL, de Alcimar Frazão. A capa não me chamou atenção, mas como estava folheando todos os álbuns do estande, acabei pegando este também e, logo na primeira página que abri, resolvi que iria adquiri-lo. Ilustrações fenomenais, história forte, realista e impactante (como gosto), belíssimo. Acabei nem precisando comprar, pois Alcimar também curtiu meu lançamento STAND e acabamos trocando. Mas esta eu faria questão de pagar com prazer (apenas R$20,00).
WEB COMICS - Difícil eleger o "estande mais simpático" de todos pois, como disse, a maioria era composta por camaradas. Mas, com certeza, esse estaria brigando pelo primeiro lugar. Eita galerinha bacana da web comics. Já conhecia a maioria virtualmente, e foi bacana ver que são ainda mais divertidos ao vivo. Era só gargalhada no estande full time. Pena não ter mais tempo para ficar por lá, mas haverão novas oportunidades.
Obviamente, como para tudo, há exceções. Infelizmente, passeando pelos estandes, acabei topando com aluns expositores bem grosseiros no trato, emburrados (sei lá por qual motivo), sendo ríspidos ou até ignorando pessoas que entravam em seu estande justamente para comprar seus produtos (por isso, repito: sei lá por qual motivo). Eu mesmo, entrei em um destes estandes com o dinheiro no bolso para comprar algumas coisas que já havia, inclusive, visto e escolhido pela internet, mas pela grosseria com a qual fui tratado, simplesmente dei meia volta e fui embora sem levar nada. Obviamente não vou citar nomes, pois não é meu perfil nem do meu blog divulgar coisas ruins, mas sim enaltecer as boas. Mas #FicaDica para estes: Depois não adianta "xingar muito no twitter" quando seus trabalhos não são bem vistos, nem vendidos, não entram na lista de premiações e vocês não são convidados para eventos. Pois, assim como um bom trabalho gráfico, gentileza e simpatia também atraem atenção, público e sucesso.
CONVIDADOS
O evento reuniu 85 convidados especiais do FIQ (18 internacionais, 32 de BH e Minas Gerais e 35 de outros estados do Brasil). Como já disse, como expositor, não tinha tempo para papear com todos, trocar figurinhas, etc. Mas, dentre tantos, alguns se destacaram:
LAERTE COUTINHO - O principal homenageado nesta edição do evento, considerado por muitos o mais genial dentre os cartunistas nacionais (e eu concordo). Desfilando entre os corredores da feira, acho que ele ganhou no recorde de "Ei, Laerte, tira uma foto comigo?". Não tinha um que voltasse de um encontro com ele sem dizer: Meu, Laerte é "o cara"!
YILDIRAY CINAR - Dono dos sketchs dentre os que mais admiro, também trabalha para o mercado norte-americano. Conheci seu trabalho há alguns anos, enquanto fuçava algumas artes no site devianarts. Me deparei com seus esboços maravilhosos de super-heróis famosos, o adicionei na hora, compartilhei algumas de suas artes no meu blog, e baixei algumas para meu arquivo pessoal. Como não tive tempo de olhar com calma a programação do evento, minha tristeza foi não saber que ele estaria por lá, e acabei não o encontrando. Pena, mesmo! Fica para próxima.
EXPOSIÇÕES
Algo que curti bastante e garantiram atração para o público, principalmente para os leigos no mundo dos quadrinhos, foram as exposições. Todas belíssimas:
ÍCONES DOS QUADRINHOS - Curadoria de Ivan Costa, reuniu 100 interpretações de personagens clássicos dos quadrinhos feitas por 100 quadrinhistas do mundo inteiro. Tal trabalho também gerou o livro (de mesmo nome da exposição) mais procurado do evento, já que muitos dos autores estavam presentes no FIQ, dispostos à autografar. Acredito que tenha sido o livro mais vendido durante toda a feira. Por todo lado que olhasse tinha gente com o Ícones em punho procurando artistas para autografa-lo.
LÉLIS - Minha exposição favorita, homenageou ao quadrinhista e ilustrador mineiro Marcelo Lélis. Quase 50 obras expostas, entre aquarelas, esboços e desenhos. É um daqueles que admiro muito pelas obras e pela personalidade.
TRANSLAERTE - Curadoria de seu filho, Rafael Coutinho, apresentou elementos da obra de Laerte, além de suas atuais discussões. Muito bacana também, pra variar, Laerte.
ALGUNS DESTAQUES
Além de tudo de bom que estava no roteiro do evento, aconteceram algumas surpresas bacanas, inesperadas até para organização, que faço questão de destacar:
INDEPENDENTES
De acordo com o Blog dos Quadrinhos, houve pelo menos 136 obras independentes lançadas neste FIQ. Um recorde histórico para o evento. Mas, além dos números, o que está realmente impressionando é a qualidade destes trabalhos na própria impressão. Apesar da tribo fanzineira ainda resistir em peso (né, Thina Curtis?), há cada vez mais artistas investindo pesado em impressões de qualidade, gerando trabalhos tão luxuosos (capa cartonada, lombada quadrada, etc) que as próprias gráficas não investiriam. Porém, dentre os independentes, destaco os mais independentes de todos:
ANDERSON RESENDE - artista plástico veterano se revelando no mundo dos quadrinhos, participou do FIQ com Iron Man - Parte 2. Já lançado na Gibiteria e na Monkiks (em São Paulo), sua obra chamou atenção de todos que passavam pela mesa, devido ao tamanho gigantesco do álbum, pelo poster com tinta fluorescente, pelo fato de ser confeccionado manualmente, silkado em papel e em chapas (aquelas de hospital mesmo), fecho com presilhas… artesanato total, além do estilo único de arte apresentada, totalmente fora dos padrões convencionais. Vale adquirir.
GRAPHICS MSP
Obra da Maurício de Sousa Produções, com idealização e edição de Sidney Gusman, o anúncio das próximas equipes criativas a participarem do projeto, com certeza, foram um dos maiores destaques do evento. Todos estavam ansiosos para saber quem eram os próximos artistas convidados, e são eles:
- RENATO GUEDES E MARCELA GODOY - com Papa-Capim
- EDUARDO DAMASCENO E LUÍS FELIPE GARROCHO - com Bidu
- GREG TOCCHINI, DAVI CALIL E ARTUR FUJITA - com Turma da Mata
- CRISTINA EIKO E PAULO CRUMBIM - com Penadinho
- DANILO BEYRUTH - com Astronauta 2
- VITOR E LU CAFAGGI (o casal pop do evento) - com Mônica 2
Uma grata surpresa foi o Sidão ser presenteado com um álbum repleto de caricaturas suas, criado sorrateiramente para homenagear este que, na real, é o responsável por todo este fomento das Graphic MSP e pela ascensão proporcionada aos artistas que delas participam.
MULHERES
Ah, como é bom olhar para os lados em eventos como este, e perceber que aquela era em que fãs de quadrinhos eram apenas obesos ou adolescentes com espinhas acabou de vez! Agora encontramos obesos, adolescentes com espinhas, baixinhos, adultos, mães, professores, policiais (sério!) e, dentre muitos outros tipos, entre outras categorias, MULHEREEEESSS!!! Lindas, charmosas, inteligentes, estilosas, interessantes de todas as formas, entre o público, entre os artistas, entre a organização... Mulheres, obrigado pela presença, sejam cada vez mais bem vindas!
Segue algumas delas, com alguns conselhos delas, raptadas direto da Ladys Comics:
STAND
E foi assim, neste evento maravilhoso, que decidi lançar meu novo trabalho, STAND! Com 48 páginas coloridas e um desconto especialíssimo para este evento (apenas R$10,00), meu filho foi apresentado ao público.
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| Desconto exclusivo para o FIQ 2013 |
Um pouco chateado pois cheguei em Belo Horizonte na sexta-feira (após dois dias de evento), só com tempo de deixar a mala no hotel, tomar um banho e correr para o FIQ, já me animei ao vender o primeiro exemplar antes mesmo de arrumar todos na mesa. Eliza, a primeira compradora, ganhou o primeiro autógrafo do evento e entrou para história da STAND. Sentimento gratificante perceber sua obra chamando atenção aos olhos do público de longe, mesmo sendo num formato pocket, dentre tantas outras obras bacanas.
Detalhe que eu não havia planejado, mas percebi neste evento, é que 90% das pessoas que leram trechos do texto, ao invés de apenas folhearem as imagens, compraram a revista. E, desta porcentagem, a maioria foram mulheres. E isso me surpreendeu mais ainda, poisa achei que o destaque nas imagens para o sangue vermelho causaria uma certa recusa desse público. Mas parece que o texto aliviou e sangue (ou não), e o efeito foi bem inesperado. Olha aí as mulheres me surpreendendo novamente.
Outra coisa que curti neste lançamento foi poder passear entre os estandes, compartilhar este novo trabalho com outros artistas e camaradas do ramo dos quadrinhos, e perceber que realmente gostaram do produto final. Muitos nem esperaram o último dia para as famosas "trocas de produtos", e já foram comprando sem exitar. É sempre uma cereja no bolo quando artistas de alto calibre elogiam seu trabalho.
Não resisti, e tirei foto de tudo quanto é cosplay que encontrei pelo caminho com a STAND. Um barato essa galera.
Entre diálogos, apresentações, autógrafos, e paradinhas para rango, coca e café, a mão não se aguenta, começa a coçar, se incomodar de ansiedade, e os sketchs vão se libertando, vão fluindo pelos momentos, passeando pelo papel...
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| A bruxinha é da Cecília Fimaneri |
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| Este Punk é do barbudo Ibraim Roberson |
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| Este é o novo personagem do Wellington Fiuza |
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| Estes fiz no meu sketchbook |
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| E esta é a menina mais esperta do evento. Sem nenhum real para comprar nada, ela simplesmente levou um caderno em branco, e foi passando em todos os estandes, pedindo para cada artista desenhar em uma página. E, dessa forma, ela saiu do evento com o encadernado mais caro de toda a feira, com diversas obras originais e únicas. |
Obrigado ao meu companheiro de mesa Anderson Resende, parceiro de mesa; Obrigado aos nossos vizinhos Ibraim Roberson, Wellington Fiuza, Cecília Fumaneri, Madd e a galera do Crânio, que foram ótimas companhias de evento, de muitos traços e risadas; obrigado Marina da organização do evento por toda atenção; obrigado a Afonso Andrade pela excelente coordenação e curadoria do evento; e um brigadão geral a todos os outros, organizadores, expositores e convidados. Como já disse, difícil eleger os mais simpáticos ou coisa assim pois, sem puxar nenhuma sardinha, realmente a maioria das pessoas estava muito disposta e acessível, prestando excelente trabalho ao público. Público, o qual, lotou o evento todos os dias, consumiu bastante, e se interessa cada vez mais pela nona arte. Muito obrigado e parabéns a todos vocês.
Rubens Junior.
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