Autor: Rubens Junior | Facebook | Twitter
Ultimamente, com a crescente popularização dos quadrinhos no cinema, na internet e, principalmente, nas bancas e grandes livrarias, muitos títulos do gênero literário começaram a ser adaptados para quadrinhos, como: Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Otelo, Romeu e Julieta, O Triste Fim de Policarpo Quaresma, entre outros.
Estas adaptações de literatura para quadrinhos deixaram muita gente realmente enfurecida pela predicativa de que ser "um menosprezo à literatura, rebaixando-a a meros quadrinhos infantis". Porém, aqueles que são adeptos desta opinião, infelizmente são parte de uma grande massa populacional que ainda sofre do preconceito hereditário em relação aos quadrinhos e, por isso, não compreendeu que quadrinhos não é um gênero, é apenas uma mídia. Assim como cinema, livros, internet, video game, etc, quadrinhos é só mais uma mídia que serve para comunicar temas de qualquer gênero. Por exemplo: Ninguém sai por aí dizendo que cinema é coisa de criança, ou de adulto, ou de adolescentes. Cinema é só uma mídia e, nesta mídia, existem filmes para adultos, crianças, adolescentes e qualquer outro gênero ou temas. O mesmo serve para livros, internet, quadrinhos, ou qualquer outra mídia.
E, numa grande síntese, quando for lançado um tema como Os Três Mosqueteiros, ou Os Luzíadas, ou X-Men, ou Os Flinstones, ou O Descobrimento do Brasil, ou qualquer outro tema à ser comunicado, o melhor é que este tema seja lançado na maior variedade de mídias possíveis, para que atinja a maior diversidade do público possível.
Embora haja um interessante argumento popular contra esta múltipla comunicação entre mídias, que diz: "Quando o indivíduo lê os quadrinhos ou vê o filme, ele não se interessa pela leitura do livro", defendendo a mídia "livro" como mais importante que as outras mídias, na vida prática, é o exatamente o oposto que ocorre.
Um indivíduo que não possui o hábito de ler livros muitas vezes é atraído à leitura do livro quando curte um bom filme sobre o assunto, ou quando lê os quadrinhos, ou quando joga o jogo do personagem em videogame. Ou seja, essa múltipla comunicação entre mídias de TODOS os temas, inclusive literaturas, só contribuem para o excelente hábito da leitura popular pois, quando não atraído diretamente pelo próprio livro, o indivíduo pode chegar ao livro sendo atraído por estas outras mídias. E o oposto também ocorre, pois quem nunca teve vontade de assistir a um belo filme de Romeu e Julieta, ou de Otelo, ou Os Lusíadas?
Embora pareça algo novo, literatura em quadrinhos é tão antiga quanto o próprio Brasil. Muitas histórias do nosso país tem sido contadas em forma de arte seqüencial há muito tempo, como: O Guarani, O Descobrimento do Brasil, etc, e foram elas que atraíram crianças e pequenos leitores ao interesse pela literatura.
Seja como for, jamais podemos julgar uma mídia por um tema, nem vice-versa. Pois qualquer mídia tem o poder e a condição de comunicar com qualidade qualquer tema, para qualquer público. Basta que hajam profissionais bem qualificados para faze-lo e, estes sim, os autores podem ser julgados como bons, ruins, próprios ou impróprios. Não as mídias.
Para finalizar, indico una excelente literatura, de um excelente autor, adaptada por um excelente quadrinista:
A CACHOEIRA DE PAULO AFONSO
Autor: Castro Alves
Adaptação e Ilustração: André Diniz
Conhecido como o poeta dos escravos, Castro Alves se destaca como um dos mais combativos artistas brasileiros do século XIX. Sua escrita defendia a abolição e estava em estreito contato com os anseios dos povos africanos oprimidos pela escravidão. Nesse contexto, surge Cachoeira de Paulo Afonso, um dos mais eloquentes poemas presentes na obra Os escravos, publicada em 1876. Adaptado por André Diniz, Cachoeira de Paulo Afonso ganha intensas e expressivas ilustrações do autor, aproximando dos leitores contemporâneos a atmosfera emocional da obra original.
Num país onde se lê muito pouco, a atitude é mais do que válida. Então aqui até pra quem lê as piadas da revista Playboy, já é alguma coisa...
ResponderExcluirQuando fui professor, senti falta de material paradidático deste tipo... Afinal, estamos na era das mídias eletrônicas, do audiovisual, que são infinitamente mais sedutoras. Mas nem tudo está perdido, quem me ensinou a amar a leitura, ainda na infância, foram os gibis da Turma da Mônica e CIA, então é válido sim o uso desta mídia pela literatura.
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