sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A LENDA DE CONAN | ESTRÉIA 2014

Autor: Rubens Junior | Facebook | Twitter


Tem coisas na vida que não são uma verdadeira utilidade social, não trazem nenhuma melhoria nacional, mas parece que são feitas especialmente e simplesmente para nos alegrar. Este é o caso neste filme. Arnold Schwarzenegger voltar a atuar em Os Mercenários já havia cumprido o propósito de vermos nossos antigos heróis de ação atuando juntos. Agora, ele voltar a atuar no filme que o consagrou como ator, em um mega épico do cinema, sobre um dos maiores personagens já criados, é de chorar de alegria, literalmente.

A primeira história de Conan foi A Espada da Fênix, contada na revista Weird Tales (Contos Estranhos) em 1932. Diversos outros contos foram criados até o personagem chegar aos quadrinhos, onde a fase ilustrada por John Buscema ganhou grande destaque. Aqui no Brasil, algumas edições da Espada Selvagem de Conan vendiam mais que a própria revista Veja. Tantas vendas geraram uma quantidade estratosférica de impressões, de forma que até hoje estas antigas revistas do Conan são das mais fáceis de achar em sebos e lojas de hqs, por um preço muito baixo. Eu mesmo costumo adquirir por uma média de R$ 0,50 cada edição desta fase.

A saga de Conan nos cinemas se iniciou em 1982, com o pé direito, pela porta da frente, e com todos os chavões disponíveis. O filme CONAN O BÁRBARO é uma obra prima total!

Eu me lembro claramente do momento em que este filme chegou em minha vida. Eu estava com 7 anos de idade e, assistindo TV com meus pais, o trailer de Conan começou a passar, anunciando que iria ser transmitido na Tela Quente, segunda à noite. Meus olhos brilhavam olhando o trailer. Foi na época em que eu havia acabado de começar a desenhar, pirava com Jaspion, Changeman, lutas e batalhas em geral, e o contraste dos robôs e outros heróis de ação para os músculos de Arnold realmente impressionava demais! Lembrando que, naquela época ainda não havia esta modinha de ficar bombado, não havia academias em toda a esquina, etc. Arnold tornou popular o fisiculturismo. Quando o trailer acabou, eu estava vidrado em outro mundo, de tal forma que meus pais perceberam o quanto eu havia ficado ansioso para assistir o filme, e já disseram: - Você não pode ver este filme. O QUÊ?!!! COMO ASSIM?!!! - Este filme é muito violento, não é para criança. Eu fiquei pasmo, irado, desacreditando no que havia escutado. Não houve discussão, pois nunca houve nenhuma forma de mudar a decisão de meu pai, e eu era tímido e obediente demais para discutir. Mas desta vez eu abri uma exceção à regra de minha obediência. Segunda-feira a noite, esperei até o último momento para ver se meus pais mudavam de idéia (já que eles iriam ver o filme), o que não rolou. Então dei boa noite, fingi que fui dormir, fechei a porta do quarto e assisti o filme inteiro pela fechadura da porta. Quase 2 horas curvado em frente a fechadura, aquele buraquinho minúsculo, que só me permitia ver os vultos dos personagens, mas ainda assim estava empolgadíssimo.. não me incomodei nem um pouco, pois o filme foi tão bom que nem percebia nada além do que estava passando na tela. Nos intervalos, eu corria para cama, pois minha mãe costumava verificar se estávamos dormindo bem. Como ela percebeu que eu sempre estava acordado, nos últimos 5 min. do filme, eles me chamaram para assistir só o final, a última batalha. Valeu demais, fechei o filme com chave de ouro, e fui dormir radiante. No dia seguinte eu contei para meus pais o que havia feito (pra verem como eu era certinho) e fiquei dias de castigo de tv.

Em 1984, foi lançado CONAN O DESTRUIDOR. Uma continuação do filme anterior, no mesmo estilo visual, com o mesmo protagonista, em uma nova aventura. Na época, eu ainda criança, foi outro show de filme. Este ainda tinha bem mais ação do que o primeiro, mais personagens, mais lutas.

Anos se passaram, passou o vhs e, quando o filme chegou em dvd (meados de 2005), eu resolvi esperar sair um box com os 2 filmes (adoro box completos). Minha grande dúvida era se eu havia curtido os filmes pois realmente eram bons, ou porque eu era uma criança e ficava facilmente cativado apenas com as porradas, não entendendo nada de roteiros ou atuações. Após assistir o CONAN O BÁRBARO novamente, eu estava pasmo com a qualidade de TUDO. Fiquei um tempo em silêncio, em transe pelo épico que acabara de assistir. Então resolvi assistir novamente. Assisti este mesmo filme 3 dias seguidos, e mais algumas vezes durante as semanas seguintes. O filme realmente é demais. Forte, impactante, dramático, poético, perfeito. Depois de algumas semanas, assisti CONAN O DESTRUIDOR novamente, e percebi que este realmente era muito ruim. Só curtia quando crianças pelas porradas mesmo.

Assistindo o Making Of, soube que a idéia original desta franquia do Conan no cinema tinha a mesma pretensão do 007: tornar Conan um personagem mais forte que os próprios atores protagonistas e, de tempos em tempos, novos atores o protagonizassem. Muito bacana esta idéia, principalmente por ser um filme medieval, bem diferente do ambiente do 007. Seria bacana vermos 50 versões diferentes do personagem assim como vemos nas hqs.

O grande problema (ou não) que fez com que esta idéia não rolasse, foi que Arnold Schwarzenegger marcou tanto o personagem no cinema, que parecia que nenhum outro ator se encaixava bem no personagem. Nenhum ator era tão forte quanto, nem era tão grotesco quanto... ficou difícil, e o hiato do Conan no cinema foi gigantesco. O mais interessante é que o papel do filme foi tão perfeito para o Arnold que, até o jeitão limitado de falar do personagem (quase um analfabeto) era algo real no Arnold, não era atuação. Sendo austríaco, ele realmente tinha dificuldades de pronunciar o inglês perfeitamente (até hoje ele tem sotaque). Este "defeito" do ator foi perfeito para o personagem.

Até que, em 2011, ressuscitaram o Conan no cinema em CONAN O BÁRBARO. Porém, desde o anúncio, desde as primeiras imagens, desde a escolha do ator (Jason Mamoa), nada convenceu de que seria um bom filme. Precisaria ser um filme maravilhoso para apagar a má impressão inicial e, num milagre da natureza, superar a qualidade e o sucesso dos primeiros filmes. O pior é que o filme não foi nem mediano. Foi ruim pacas. Fizeram a péssima escolha de realizar um filme no estilho que chamo de "Pop Ação", no estilo de O Escorpião Rei, ou até Piratas do Caribe, onde há muita piada, coisas muito surreais, e pouco realismo.

Este estilo de filme dificilmente fará sucesso com Conan, pois o personagem é marcado pelo drama, pela tragédia, pela densidade, pelo perigo real de sua morte em cada passo de sua vida. No primeiro filme de 1982, a cena inicial onde sua aldeia é invadida, incendiada, e seus pais assassinados, é realmente emocionante, de marcar na memória. Mas a crueldade não se faz com cenas óbvias, com rios de sangue na tela, e sim com inteligência, boa edição e muito talento dos atores. O diretor John Milius soube passar o clima do momento perfeitamente. O mesmo digo para a parte onde Conan é capturado e depois amarrado na árvore no deserto, e no final, onde ele finalmente consegue sua vingança. Só de escrever, dá vontade de ver todo o filme novamente, que tem umas 3h de duração. Fazer "comédia" depois de tudo isso é realmente inconveniente.

Agora surge esta FELIZ novidade, anunciada pela Universal (que produziu o primeiro filme): Arnold Schwarzenegger, de volta como Conan. Um antigo desejo se realizando. Para falar a verdade, este desejo não é só pela vontade de ver novamente no cinema um dos meus personagens favoritos, protagonizado por uma das pessoas que mais admiro na terra, mas se dá também pelo fato de que os primeiros filmes do Conan terminam com a esperança de que ele se tornaria rei. E desde que vi a clássica cena dele como um rei solitário, barbudo, sentado em seu trono no final dos filmes, eu espero ver uma continuação contando esta história. Tanto que, em meados de 1990, eu vidrei ao ver a saga Conan Rei nas bancas. Na época, só consegui comprar uma, mas em 2011 eu completei a coleção de 24 edições. Por isso, eu só fiquei um pouco decepcionado com o título "A Lenda de Conan". Eu escolheria "Conan Rei", para finalmente findar toda esta saga com o eterno desejo do cimério. Para quem não se lembra (ou não viu), no final do Conan de 1984 a princesa oferece o trono de seu reino para Conan ser esposo dela e Rei. Ele recusa dizendo "Eu terei meu próprio reino, e minha própria rainha." Foi o fora mais clássico de todos os tempos. Nunca mais esqueci isso. Ninguém recusaria este presente, só o Conan.

“Sempre adorei o personagem e estou honrado por ter sido convidado para assumir o papel novamente. Mal posso esperar para trabalhar com o estúdio no próximo passo dessa história verdadeiramente épica”, falou Schwarzenegger.

O filme vai ignorar a sequência original, Conan, o Destruidor (1984), também estrelada por Schwarzenegger, assim como os eventos do remake lançado em 2011, com Jason Momoa (série Game of Thrones) no papel principal. Não há informação se o ator participará do novo Conan.

“O original terminou com Arnold no trono como um guerreiro experiente, e este é o gancho para o filme que queremos fazer. Conan é um viking nórdico mítico que desempenha também o papel de rei, guerreiro, soldado e mercenário, tem mais mulheres na sua cama que qualquer um, e no próximo filme está se aproximando do seu último ciclo de vida. Ele sabe que vai lutar em Valhalla e quer se aposentar com uma boa batalha”, adiantou Fredrik Malmberg, produtor do reboot de Conan, que cuida do projeto ao lado de Chris Morgan (produtor dos últimos três filmes de Velozes e Furiosos).

Espero que, nesta época de muitos tiros e explosões do cinema, dêem o devido valor ao personagem, ao ator, e voltem os olhos para o primeiro filme (como dizem que farão). Arnold está velho, ninguém espera vê-lo saltando de prédios, dando cambalhotas ou algo do gênero. Por isso acho perfeitamente conveniente senta-lo num trono e trabalhar as angústias do personagem, traumas, e marcas que ficaram de toda uma vida de batalhas. É claro que quero ver lutas de espadas, machados, monstros e magia rolando solta, mas acho que isso não deve ser a rédia do filme, e sim um "brinde", sendo um brinde maior ainda, ver Conan morrendo em seu trono, satisfeito com seu eterno destino cumprido, na pele do próprio Arnold. Quer mais que isso? Melhor que isso é este novo épico coroado com Oscar, Globo de Ouro, e muito mais, pois tudo coopera para isso. Otimista? Sempre.


Veja mais artigos do blog sobre CONAN aqui.

17 comentários:

  1. Discordo contigo no que dissestes em relação ao novo filme de 2011. Ele não foi exatamente aquilo que todos desejávamos, não possuiu uma trilha sonora minimamente decente e teve várias pontas soltas (que devo lembrar, os dois filmes originais de Conan também tiveram), mas Momoa fez um bom trabalho personificando o bárbaro.

    Porém, fico extremamente feliz ao descobrir o teor deste novo filme de 2014, a agradeço-vos imensamente por compartilhar esta boa notícia.

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  2. Pois é, Odin. Eu nem culpo o Mamoa, ele fez o que sabia, o que era da capacidade dele, assim como o Arnold fez em todos os filmes. Eu culpo o fracasso de 2011 os próprios produtores mesmo, que fizeram escolhas erradas desde o estilo do filme até a forma de conduzi-lo.

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  3. Concordo com você quanto aos dois primeiros filmes.

    Conan o Bárbaro é fantástico, revi esses dias, e fiquei pasmo com a qualidade, o quão épico ele é.

    Já o segundo... é só violência gratuita, sem contéudo, mas ainda assim consegue agradar um pouco.

    Já o de 2011 não tive a chance de ver.

    Parabéns pelo blog, ainda não conhecia.
    Muito rico em informações. Voltarei outras vezes.

    Grande abraço.

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  4. porra vcs gosta mesmo de antiguidade...

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    1. Antiguidade não. Gostamos de qualidade, seja antiga, atual ou do futuro.

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  5. O novo Conan só agradou a nova geração. É uma merdaaaaaaaaaa! Odiei desde as primeiras cenas, ridículo seu nascimento em batalhão, ridícula a corrida com olho na boca, ridículo ele moleque ter matado um monte de pictos, uma merda de atuação daquela bicha que faz sobrancelha. Conan fanfarrão! O pior de tudo no filme, Conan sendo ajudado em batalha por uma sacerdotisa...Puta que pariu! Quem gostou deste novo filme do Conan é viado!

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  6. Cara, parabéns pelo post. Muito do que você escreveu, senti também ao assisti-lo pela primeira vez na década de 80. Tenho os 3, mas pra sr sincero. O primeiro é o melhor de todos e o que mais assisti. Sei lá quantas vezes, perdi a conta. E ainda assisto, acho que pelo menos uma vez por mês. Muita gente que assiste comigo e vê cenas, como a da serpente gigante que o Conan mata pra roubar a joia, e observa ela feita de borracha ou coisa similar, e critica isso, eu simplesmente digo que isso é pelo recurso da época, mas se você for ver hoje em dia, a coisa mais difícil os caras fazerem um roteiro tão fascinante quanto. E principalmente, quanto a questão da orquestra de Polidouris. Fica impossível assistir ao filme sem escutar a música. O visual junto com o áudio o tornam uma obra-prima do cinema. Quando for assistir de novo, veja a cena onde ele liberta Subotai e os dois saem correndo. Pra mim é uma das mais emocionantes.
    No mais. Um abraço.

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    1. Cara, este foi um dos principais motivos de eu criar este blog: encontrar pessoas que entendem e valorizam estas obras de arte, seja nos filmes, hqs, animes, etc. Realmente são raras as pessoas que enxergam além do óbvio, além do "efeito especial" e compreendem o intúito intelectual e emocional do que está sendo apresentado. Esta cena do Subotai é realmente demais, mas ainda fico com a sequencia de cenas entre Conan preso na árvore, sua ressurreição dos mortos e seu treinamento até estar pronto para vingança. Quase tudo isso é feito sem palavras, apenas com música, paisagens e expressões dos personagens. Primoroso.

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  7. Assisti Conan, o bárbaro na tv. Lembro que foi em 1985. Eu era uma criança que ficou fascinado com aquela história e aquela trilha sonora. Houveram diversas cenas que não me sairam da cabeça. Essa nova versão de 2011 eu aluguei o dvd e levei dois dias para conseguir assistir, não consegui ficar mais que 30 minutos olhando aquilo. Levaram quase 3 décadas e fizeram aquilo. Quanta incompetência.

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  8. O de 2011 foi um crime, uma bosta mesmo.

    Na expectativa grande agora para esse de 2014, pois sou muito fã de Conan.

    Mas tem uma coisa, ou melhor, duas: Tem que ter trilha sonora épica estilo Basil Poledouris e tem que ter narração do Mako, "between the years when the oceans drank Atlantis..."

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  9. seria de grande homenagem a arnold, um papel que lhe rendeu fama e dinheiro, é bom saber que com ele atuando o filme será recorde de bilheteria e poderá disputar estatueta ao oscar quem sabe?esperamos isso

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  10. ATÉ QUE ENFIM ENCONTREI GENTE DECENTE, GUERREIROS HIBORIANOS COMENTANDO AS OBRAS CINEMATOGRÁFICAS DE FORMA VEEMENTE! ME PERMITAM, DE FORMA BÁRBARA, PARTICIPAR MEU COMENTÁRIO: AQUELA MERDA DE CONAN COM O TAL DO JASON MOMOA.- CULPA DOS CRETINOS DOS ROTEIRISTAS E DIRETOR DE BOSTA... FILHAS DAS PUTAS DESTRUIDORES DA OBRA ALHEIA... QUE VOLTE AQUILO QUE ERA BOM... QUEM GOSTA DE NOVIDADE PORCA QUE FIQUE NO CHIQUEIRO, CARALHO!!!

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  11. Achei que o Conan fosse cimério e não um viking nordico... ¬¬

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  12. umas das cenas que mais gostei no primeiro filme do Conan foi ele empurrando aquela maquina que parecia mais um moinho começou criança junto com os outros e no final estava apenas ele, com seus passos marcados no chão....

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  13. Conan é muito massa comprei a comprar na loja virtual de quadrinhos bem bacana que é a http://www.elcafestudio.com/, eles possuem fretes especiais, com entregas super rápidas, além de possuírem diversos títulos de HQ’s.

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