sábado, 4 de junho de 2011

X-MEN | FIRST CLASS | CRÍTICA DO FILME

Autor: Rubens Junior | Facebook | Twitter



NOTA
7

Acabei de voltar do cinema. Após muito tempo de ansiedade, finalmente pude conferir o resultado do filme mais esperado deste ano. Ansiava mais por este filme mais do que pelo Thor, Lanterna Verde, etc, simplesmente, pois X-Men Primeira Classe fugiu da regra comum que os filmes costumam seguir: este é o 5º filme da franquia, e só agora a origem será revelada. Infelizmente, todas as adaptações de hq's tem se adaptado a mesma forma: começa pelo trauma do personagem, ele se transforma em herói e no final ele vence o inimigo. Parece óbvio que todos estes filmes tenham que se engessar neste padrão, mas existem milhares de outras formas de moldar um filme. Como, por exemplo, X-Men O Filme. O primeiro filme da franquia já começou de onde todos os fãs dos heróis queriam ver: os X-Men enfrentando Magneto. Pronto! Embora este filme tenha sido financiado com uma quantia irrisória comparado aos outros da franquia, ele conseguiu atingir seu objetivo. X-men 1 começa de forma dramática já explicando em 5 min. como Magneto se torna o "inimigo", há uma narrativa básica de Charles Xavier explicando aos leigos o que são "mutantes" e o que é a "escola para mutantes", de resto é a trama de Magneto buscando a supremacia mutante sobre humanos e os X-Men tentando impedir. Como era o primeiro filme, era realmente muito difícil mostrar para o público geral um universo tão distinto da realidade de forma prática e convincente, mas Bryan Singer o fez com muita facilidade. E, com um orçamento muito maior, repetiu o feito no segundo filme de forma espetacular. Tanto, que estes 2 filmes são a base sólida e perfeita de uma franquia que pode ser eterna (já que as hq's não tem fim). De repente, quando todos olhavam para frente com X-Men 3, 4, 5, infinito, origens solo dos personagens, alguma mente brilhante resolveu olhar para trás e dizer: Ei! Que tal fazermos um filme apenas com a origem??? Idéia brilhante! Pois qualquer origem já chama atenção do público e, com 4 filmes já realizados, os produtores supostamente teriam a experiência necessária para tornar este projeto bem sucedido. Ou seja, todo aquele mediiinho que temos sobre "será que este filme será bom???", eu já não tinha. Não tinha como errar. Idéia maravilhosa, contexto interessante, época apropriada, experiência profissional. Só prós. Nenhum contra. Por tudo isso este filme era o mais esperado do ano para mim.


No entanto, X-Men Primeira Classe não foi surpreendente. Apenas se manteve na média de um bom filme. Teve seus altos e baixos, mas seus altos não foram tão altos assim, e nem seus baixos foram tão baixos assim. Segue abaixo o melhor e o pior dos pontos mais contundentes que considerei:


PERSONAGENS - Embora a experiência dos outros filmes da franquia não os tenha ensinado a aproveitar ao máximo possível a fidelidade das hq's no filme (até o limite de não tornar o filme ruim), e os produtores simplesmente ignorado a formação original dos X-Men (Jean Gray, Ciclope, Fera, Homem de Gelo, Anjo e Charles Xavier) não foi ruim uma primeira classe inventada, composta de Charles Xavier, Magneto, Mística, Banshee, Darwin, Fera, Destrutor e Angel. Alguns deles nunca tiveram muito apelo nas hqs, mas fizeram parte dos primórdios da saga dos heróis, e foi bom curti-los com maior destaque num filme que tinha espaço para eles. Outra escolha que considero maravilhosa foi inserir o Clube do Inferno como inimigos principais. Desde que acompanho os X-Men, tenho-os visto como personagens jovens, alguns até adolescentes, com poucas exceções como o Wolverine e o próprio Xavier, de idade mais avançada. Por isso sempre admirei seus conflitos com os personagens do Clube do Inferno, que sempre foi composto por personagens mais velhos, maduros, o que sempre os deixava numa posição psicológica superior aos heróis, independente de seus talentos mutantes. Neste filme, apenas Sebastian Shawn foi melhor explorado neste sentido, mas já valeu ver o Clube ser honrado com papel principal, e não apenas coadjuvante.


DINÂMICA - Logo no começo do filme, percebi uma dinâmica um tanto acelerada. Não devido as cenas gravadas, mas pela própria edição. É bem provável que tenham cortado algumas leng-lengas, cortando começos e fins, e mantido apenas o clímax das cenas na edição final. Normalmente fazem isso para acrescentar dinâmica ao filme mas, quase sempre, como neste caso, isso acaba atropelando a interatividade do público com o filme. Querendo ou não, o público precisa de um pouco de lenga-lenga para entrar no clima do filme, para que não seja apenas uma constante de fatos, como num documentário. Ao contrário, acredito que a última coisa que os produtores precisam pensar é "quanto tempo o filme vai durar?". O ideal, seja num filme, hq, música, etc, é que a história seja bem contada, que seja envolvente de forma que o público nem perceba a transição entre uma parte e outra, mas sinta esta transição de forma natural. Outra ferramenta que colabora demais com a dinâmica é a trilha sonora que, neste filme, me decepcionou um pouco, pois foi meio que uma "propaganda enganosa". Nos trailers divulgados do filme, a trilha sonora e a edição é perfeita. Os trailers vendem um filme cult, não um filme de ação. Porém, a música característica dos trailers (uma guitarra agitando um suspense) é apenas coadjuvante nas musicas que embalam o filme, que acabaram sendo as tradicionais músicas de todos os filmes de ação, que ficam "forçando demais" as partes dramáticas ou excitantes do filme. É difícil escrever ou criar uma onomatopéia de forma que vc entenda o que tento explicar mas, se vc for ninja, quando assistir ao assistir o filme, vc entende o que eu digo. Como exemplo, em X-Men 2, a dinâmica do filme foi perfeita. Em X-Men Primeira Classe, talvez a dinâmica tenha sido o fator mais forte a segurar o filme como um bom filme, e não como um ótimo filme.


CHARLES E ERIC - Algo nunca contado de forma explícita, foi quase tudo que foi contado neste filme. A origem da mansão, a criação de todos os apetrechos tecnológicos que ela contém, a formação do primeiro grupo, como Charles ficou aleijado, etc. Mas, dentre todas estas e outras questões, acredito que a questão que mais intrigou os leitores e os cinéfilos, é a natureza da amizade entre Charles e Eric. Neste filme, eles começaram acertando em cheio já na escolha dos atores. James McAvoy e Michael Fassbender não só são excelentes atores, como também conseguiram captar a incrível atuação de Patric Stewart e Ian McKellen dos outros primeiros filmes, e adaptá-la para os mesmos personagens em sua juventude. Realmente convenceu. Infelizmente a amizade não foi tão explorada quanto deveria, e a intimidade entre os dois amigos acabou não sendo tão profunda (como os produtores deveriam desejar) a ponto da separação entre eles se tornar perfeitamente dramática ao final do filme. Mas, passou. De qualquer forma, os 2 atores fizeram jus ao destaque que tiveram no filme, deixando uma grande ansiedade de vê-los interagindo novamente.


HANK MCCOY - Ok, ok. Eu creio que os EUA são um povo que produz mentes brilhantes, tem escolas maravilhosas, que extraem o melhor de seus alunos mas, sério mesmo, é mais fácil acreditar que um homem pode voar com vibrações das cordas vocais, que outro pode ler mentes, que outro pode dominar a física dos metais, que uma moça possa mudar de forma celular, do que acreditar que um adolescente seja tãaao super dotado mentalmente a ponto de criar o aparelho do Cérebro, asas para o Banshee, o equipamento do Destrutor, e um antídoto para a cura mutante (mesmo que ineficaz), TUDO ISSO EM APENAS 1 SEMANA!!! Cara, realmente isso foi demais para minha irônica imaginação. É claro que isso não acabou com o filme, mas foi a única "forçada" difícil de engolir.


FANTASIA DO MAGNETO - Muito dinheiro envolvido, muito design projetado, muita qualidade visual em todo o filme. Justo na última cena, no que seria a real primeira apresentação de Magneto, da forma que o conhecemos nas hq's, eles me colocam o ator numa roupa ridícula, como se fosse feita pela falecida mãe dele!!! Desajeitada, engomada, exageradamente volumosa, não de músculos, só de panos... de bobeira, entrou para o top das piores adaptações de fantasia de heróis para cinema. Mesmo com um Magneto mais envelhecido nos primeiros filmes da franquia seu uniforme ficou mais ajeitado, certo no corpo, sem motivos de riso. Agora, que havia a chance de criar um modelo mais arrojado para um Magneto mais jovem, o design do uniforme ficou ainda mais antiquado. Ridíiiculo! Na foto ao lado não dá para notar, pois está de costas. Vou deixar a imagem dele de frente como surpresa para seu final de filme, como foi comigo.

Também percebi alguns detalhes que, embora mencionados, foram revelados de forma um tanto incompletas: Trocando em miúdos:
  • Eles contam a amizade de Charles e Eric mas não fica evidente tamanha intimidade a ponto do respeito durar tantos anos.
  • Eles mostram que Charles já morava na mansão na infância mas não explicam sobre seus pais nem da proveniência de tanto dinheiro que o sustentou.
  • Eles mostram a ascendência de Magneto e sua trupe mas não conta como eles se sustentam.
  • Xavier se apaixona por Moira mas não fica claro em que momento isso aconteceu (não rolou nem uma conversa particular, nem uma troca de olhares, nem um climinha, pô...)

Para justificar que tantas "reclamações" do filme não o tenham garantido uma nota baixa na pontuação (como Thor, que ficou com a nota 3), eu reforço o que disse no início do post: NENHUM DOS PONTOS FRACOS DO FILME, SÃO TÃO FRACOS A PONTO DE TORNÁ-LO UM FILME RUIM. E NENHUM DOS PONTOS FORTES DO FILME, SÃO TÃO FORTES A PONTO DE TORNÁ-LO EXCELENTE. POR ISSO DIGO QUE SE MANTÉM NA MÉDIA, COMO UM FILME BOM. Sendo assim, por ser bom, e não ótimo nem excelente, ele não desbanca nenhum filme do meu rankin das 10 melhores adaptações de quadrinhos para cinema.

Um detalhe interessante: assisti o filme com alguns amigos que aceitaram o convite do OSQ, compareceram ao Kinoplex Itaim, sessão 23h40, mas nenhum deles é fã de quadrinhos. Todos leigos no assunto. O pouco que sabiam vinha dos outros filmes da franquia e, alguns deles, nem os outros filmes haviam visto. Algumas das perguntas foram: Ué, se eles são amigos, como o Magneto mata o Xavier no outro filme? Por que estes personagens não aparecem nos outros filmes? Quem são os mutantes? Quem são os heróis?... Poisé, isso é só um pouco do que tive que ouvir. Mas omo são amigos, não foi tão cruel assim. Estou citando isso pois é exatamente este tipo de público que sai odiando o filme, reclamando das "viagens", dos poderes, da "babaquice" geral do filme. Mas após o filme, durante o debate com sorvete na mesa redonda gigante da lanchonete, todos deram notas altas para o filme, sendo a mais baixa 8, e a mais alta 10. Eu fui o único chato a incluir um 7 (nota oficial do post.. rs). Ou seja, o filme é ótimo e até excelente para o público geral. Só baixa de nível para aqueles que gastaram anos lendo gibis e estabelecendo um nível absurdo de excelência.

No final das contas, embora não tenha sido tão cult como prometia, X-Men Primeira Classe não é aquele filme que vc odeia ter pagado e gastado o tempo para assistir (como Elektra, Mulher-Gato, etc), nem aquele filme memorável que vc vai incluir na sua lista dos 10 mais (como Batman Begins, Watchmen, etc). O filme é um bom entretenimento, mantém a média de um bom filme e conta como fator considerável da franquia que merece um lugar na prateleira de casa (ao contrário de Hulk e Demolidor, que são ignorados pelo público e pela Marvel, e projetados para serem refeitos - Hulk já foi). X-Men Primeira Classe vale o ingresso e, o melhor de tudo, devido a um grande vácuo que ainda há entre este filme e X-Men O Filme, com certeza ainda cabe um X-Men Primeira Classe 2, onde podem contar como foi a saída destes primeiros integrantes do grupo e a chegade de Ciclope, Jean, Tempestade, incluir o Homem de Gelo e Anjo (personagens do primeira equipe oficial das hq's), a calvicie de Charles, a construção final do Cérebro da Sala de Guerra, o ingresso do Fera na política, podem incluir o primeiro contato de Xavier com William Stryker e seu filho Jason (mensionados em X-Men 2), e etc, etc, e etc...

E como percebi que alguns fãs e alguns críticos classificaram o filme como ótimo, e não como bom, como eu, meu único medo é que nós, os perfeccionistas de plantão, nos acostumemos com estas adaptações medianas dos quadrinhos para o cinema e passemos a considerá-las mais do que realmente são. Acho que quando isso acontecer, o mundo finalmente precisa acabar (pelo menos, o mundo do meu blog. Pois aí eu não terei mais o que escrever).

7 comentários:

  1. Caro amigo discordo toltalmente com o que vc falou...
    1° X-Men primeira classe nunca foi o filme mais esperado do ano, todo mundo inclusive eu achava que ia ser uma bosta.
    2° Esse filme é uma adaptação e não uma transposição dos quadrinhos para o cinema, e lembrando que desde o inicio os produtores falaram que não seguiriam a historia original do quadrinho... por isso o medo de todo mundo
    3° é um filme surpreendente sim! com otimas atuações de um bom elenco, otimas cenas, efeitos especiais fantasticos e na minha opnião juntando x-men 1,2,3 e a bosta de wolverine não chega perto desse filme.

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  2. Tendi, só alguns poréns:
    1º - Deixo claro que este é o filme que EU (particularmente) mais esperava no ano. Por pesquisa, o filme mais esperado pela maioria do público era o Thor. E não sou pessimista nunca. Jamais iria ao cinema sem expectativa de assistir a um bom filme.
    2º - Embora fosse óbvio que o link deste filme seja relacionado aos outros da franquia e não às hq's, eu sempre espero o máximo possível de fidelidade com a obra original. Uma coisa não exclui a outra totalmente. Sempre vou esperar que os produtores consigam unir tudo com inteligência.
    3º - Quanto a nota e avaliação geral do filme, se é melhor ou pior que os outros da franquia, esta será uma discussão infinita... rs.

    Valeu o comentário e pode criticar sempre! Estamos aí pra isso!
    Abraço!

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  3. Concordo com o Rubens, porque para quem le, para quem viu como foi a origem real das hqs, e os produtores não a seguirem, sempre deixa a desejar, pq gostariamos que fosse sempre o mais proximo das hqs, mas eles raramente fazer igual tanto para herois qto para os viloes, origens e historias para quem le antes de assistir, sempre vai deixar MUITO a desejar, outro grande problema é que eles acabam afetando o desempenho do herói, o Wolverine ficou muito fraco nos filmes, para quem le as histórias sabe que ele NUNCA APANHARIA daquele jeito da mistica, colocarem a Vampira como uma menina, o homem de gelo ele tem idade próxima a da Jean e do Ciclope, fazendo essas alterações eles matam um monte de possibilidades para novos filmes e deixam quem conhece hq insatisfeito com o filme

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  4. Filme fraco, nem poderia ser considerado adaptação dos X-men, a Marvel deveria proibir esse tipo de adaptação no momento que fosse apresentado a idéia

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  5. Não entendo quando as pessoas falam ''é adaptação e não 'animação' das hqs''. É baseado nas hqs, é pegar algo que fez sucesso, vendeu milhoes de cópias, e transformar em fiasco. Considero isso burrice. Por isso os filmes que vem de livros tambem não são tao bons quanto os livros. Aprendi desde de cedo que 'adaptações' significa: To reaproveitando 10% de uma ideia e fazendo algo novo.
    O engraçado é que, o que faz os fãs, ou até novas pessoas se interessarem pelas hqs e livros, SÃO as hqs e livros, a historia original, porque mudar tanto. Eu ate gosto de adaptaçoes, pra mim a mais genial foi transformar Jarvis numa AI. pronto um otimo exemplo. Mas usar aquela desculpa pro Xavier usar cadeiras de rodas é sinceramente muito superficial, não quando o motivo original é bem explicado e bonito, ou dá esse q emocional pra mística, quando na realidade a personagem dela sempre foi muito marcante. Como disse um gringo ''Fox and i are not in good terms''.
    E nem como filme me agradou, se voce esquecer que leva o nome xmen, existem cenas, por exemplo de táticas militares, ou de cronologia que parecem fora do enredo e ou jamais aconteceriam nem num ato de ficção. Levei essas cenas como comédia. É um bom filme de galhofa americana, como militares sendo burros, adolescentes sendo teen, essas coisas.

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  6. Olá Rubens, tenho uma opinião próxima a sua em alguns pontos.

    Eu gostei do filme, não é um filme excepcional mas achei ele acima da média e acho que foi considerado ótimo por algumas pessoas por causa do lixo que foram X-Men 3 e a origem do Wolwerine.

    Gostei da escolha e do desempenho dos atores, destaque para o James McAvoy e Michael Fassbender, principalmente deste último.

    No enredo, gostei dele ser focado na origem da equipe, da tentativa de encaixar a estória com o momento político da guerra-fria, da participação do Clube do Inferno no filme (espero que seja melhor explorado em outras estórias) e acho que o enredo estava melhor construído que X-Men 3 e a Origem do Wolverine, embora ainda deixe algumas pontas soltas como você já citou.

    O maior pecado do enredo, pra mim, foi ser sucinto demais, deveria ter explorado mais o relacionamento entre Xarles e Erick e a construção da equipe como um todo, foi tudo muito rápido e superficial.

    Apesar de tudo, a minha nota seria de 7,5 a 8, pois eu atribuo a esse filme uma coisa que considero importante, ele conseguiu recuperar parte do estrago feito pelos dois filmes anteriores, conseguiu revitalizar uma franquia que estava desacreditada com X-Men 3 e o lixo solo do Wolverine.

    First Class também serviu pra lembrar um pouco o valor do roteiro, as estórias dos X-Men e dos mutantes em geral tem um vasto material emocional a ser explorado, preconceito, ideais, radicalismos, relacionamentos conturbados, perdas e escolhas difíceis, se isso for bem explorado em um roteiro bem construído e sem pontas soltas eu tenho certeza que seria um filme memorável.

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