segunda-feira, 1 de outubro de 2012

TEMAS MODERNOS | BRUXAS: VERDADE OU FANTASIA?

Autor: Rubens Junior | Facebook | Twitter


TÍTULO: BRUXAS: VERDADE OU FANTASIA?
PUBLICAÇÃO: 2003
EDIÇÃO: ÚNICA
TEXTOS: ELMO PIRES
ILUSTRAÇÕES: RUBENS JUNIOR
ORIGEM: BRASIL
EDITORA: REDAÇÃO FINAL
CATEGORIA: VOLUME PERIÓDICO
GÊNERO: DOCUMENTÁRIO
PÁGINAS: 36
FORMATO: 17 X 26 CM
PRODUTO: COLORIDO/LOMBADA COM GRAMPOS

Em 2002, fui contratado como freelancer para ilustrar textos de uma revista periódica, uma espécie de informativo empresarial. Esta revista era diagramada por uma editora chamada Redação Final e, quando fiz as primeiras ilustrações, os diretores desta editora acabaram me contratando como funcionário fixo, pois gostaram muito dos meus desenhos. A partir daí, sempre discutíamos algumas idéias sobre como melhor aproveitar meus desenhos na editora, talvez até criando uma publicação diferente, já que na maioria dos serviços cotidianos da editora os desenhos eram desnecessários.

Eu era bem jovem, havia acabado de me formar em Design Gráfico, não conhecia a editora direito e muito menos meus chefes, então não sugeri muitas idéias, inseguro caso elas não dessem certo. Até que, uns três meses após eu ser admitido, o editor chefe Elmo Pires faz uma sugestão com a palavrinha mágica: "Junior, que tal fazermos uma revista em QUADRINHOS?" Meu sorriso foi até as orelhas! Aí eu me soltei, comecei a sugerir milhares de idéias, me empolguei total!


Como finalmente concordamos na espécie de produto desenvolver, só faltava o tema para começarmos a trabalhar. Na época, Harry Potter, Senhor dos Anéis, Buffy e outros filmes dessa linha estavam em alta, rendendo milhões em diversos outros produtos também, principalmente em meio aos adolescentes. Então, como o foco do projeto era justamente alcançar um gênero mais popular,  Elmo logo sugeriu que o tema fosse BRUXAS, onde a história seria investigativa, comentando sobre estes filmes populares e narrando também fatos reais... um mesclado entre ficção e realidade. Eu curti muito a idéia e, no mesmo dia, eu fiquei na empresa após o expediente até de madrugada trabalhando numa ilustração que imaginei para capa da revista. Eu não manjava quase nada de photoshop ainda, fui quebrando a cabeça e aprendendo a manusear o programa enquanto coloria a arte.

No dia seguinte, a primeira coisa que fiz foi mostrar a ilustração, que foi aprovada na hora (que é esta mesma na capa da revista). Aquele momento foi o início oficial do nosso projeto, então começamos a definir todo o processo. Combinamos que eu trabalharia para editora até as 18h normalmente, e deste horário até as 22h eu poderia trabalhar neste novo projeto, já que ele não fazia parte do serviço habitual e rentável da empresa. Eu receberia porcentagem de vendas e assim ninguém sairia perdendo. E, como estávamos em outubro, decidimos que o ideal seria se fizéssemos o lançamento em dezembro/janeiro, na virada do ano. Logo, tínhamos basicamente 2 meses para produzirmos tudo. Loucura total! Mas, pela empolgação da novidade, batemos o martelo e fomos em frente.


Era tudo novo para nós. Seria minha primeira publicação realmente autoral, como único ilustrador, e a primeira publicação da editora neste formato. Por isso, como nenhum de nós tinha muita experiência no que estávamos produzindo, quando começamos a trabalhar, muitas alterações e improvisos ocorreram. O Elmo, que é jornalista, começou a escrever uma matéria e, durante o processo, percebi que não estávamos fazendo uma história em quadrinhos, como na idéia original. Estava impossível ilustrar partes do texto, fazer baloezinhos, também porque o texto estava diariamente sofrendo alterações. Fiquei confuso quanto a "como ilustrar?", e comecei a fazer algumas ilustrações mais gerais, ilustrando a idéia essencial de cada texto, para não correr o risco de ilustrar algo muito específico, depois o texto ser alterado, e a ilustração perder o sentido. Mesmo assim, tinha esperança de que, ao quando o texto ficasse totalmente fechado, conseguiria incluir novas ilustrações, algumas tiras em quadrinhos, algo que desse um dinamismo à história.


No final das contas, o prazo foi curto demais e não foi possível ilustrar nada além das ilustrações gerais, além de precisar simplificar todas elas. Em dezembro trabalhei tanto neste projeto que quase não ia para casa. As vezes dormia na própria cadeira de trabalho. Diagramei as todas as imagens em tamanho gigante e o gênero fugiu dos quadrinhos, finalizando-se como uma revista ilustrada. O texto também não apresentou nenhum conto idealizado, mas sim uma matéria bem abrangente sobre o tema Bruxas e toda a moda que acompanhou este tema. Como o Elmo achou melhor não publicar como Redação Final, ele criou o selo Temas Modernos, e o logo deste selo foi a última coisa que criei, poucos minutos antes do arquivo ir para gráfica.

Apesar de toda a correria, toda a confusão do processo, o produto final ficou bem feito, bem detalhado, e com uma cara bem adolescente, como era a proposta. Lançamos em fevereiro de 2003, e foi muito bacana ver o a primeira publicação em mãos, sentir aquele gostinho especial de ver chegando da gráfica, abrir os lotes de centenas unidades do seu produto, principalmente depois de tantas noites trabalhando, que viraram madrugadas, que viraram dias. Uma experiência muito bacana.


Infelizmente, nossa inexperiência trouxe péssimas consequências. Enquanto eu e o Elmo produzimos toda a revista, ninguém trabalhou na divulgação do produto. Não houve um site, nem video, mala direta, nada. Logo, ninguém ficou sabendo que este produto existia e, com milhares de revistas impressas e enviadas para bancas de todo o Brasil, talvez tenha sido a maior devolução de produtos não vendidos da história, e o maior prejuízo da editora. A idéia do Temas Modernos era, em cada edição, apresentar um tema diferente. Inclusive, na contra-capa desta revista há um anúncio da próxima edição, anunciando que o próximo tema seria Ficar (falando sobre namoro, sexo, etc.). Mas nenhuma outra edição foi publicada.


Uma pena. Mas este fracasso me fez perceber que não posso contar apenas com minhas habilidades artísticas, eu precisava ampliar minhas áreas de atuação que não eram a minha. Acabei correndo atrás, me empenhei em novas funções, e acabei me desenvolvendo profissionalmente em muitas áreas publicitárias e administrativas, que serão de utilidade eterna em qualquer projeto que me envolva.

Então, guardo esta revista com um carinho muito especial, por diversos motivos: Foi minha primeira publicação solo (na ilustração); Foi a primeira vez que varei diversas madrugadas no mesmo projeto; Foi produzindo esta revista que aprendi a manusear o Photoshop; entre outros.

Tenho poucas edições. Algumas delas deixei na Livraria HQMIX, e outras ficaram comigo. Então, se se interessou, entre logo em contato e faça logo seu pedido, pois além de ter bem poucas, não venderei todas.


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