sábado, 27 de agosto de 2011

BATMAN BEGINS (2005) | CRÍTICA DO FILME

Autor: Rubens Junior | Facebook | Twitter


NOTA
10

Direção: Christopher Nolan
Roteiro: Christopher Nolan, David S. Goyer
Elenco: Christian Bale (Bruce Wayne / Batman), Gary Oldman (Jim Gordon), Liam Neeson (Ducard), Ken Watanabe (Ra`s Al Ghul), Cillian Murphy (Dr. Jonathan Crane), Tom Wilkinson (Carmine Falcone), Rutger Hauer (Earle), Katie Holmes (Rachel Dawes), Michael Caine (Alfred Pennyworth), Morgan Freeman (Lucius Fox)

Acabei de assistir Batman Begins novamente. O filme é realmente muito bom. Após tanto dinheiro gasto em tantas produções pífias, finalmente um Batman a altura da primeira produção de Tim Burton. Um filme grandioso, não só pelo elenco e dinheiro gasto, mas pela qualidade magnífica do roteiro e inteligência na adaptação. Vamos por partes:



ELENCO - Talvez este seja o melhor elenco de todos os filmes que já vi, sem exageros. Christian Bale, embora não fosse muito conhecido até protagonizar este filme, já havia provado aos críticos mais exigentes que tinha bala na agulha, com filmes como Shaft (o filme é ruim, mas Bale faz bem sua parte) e O Operário (filme magnífico, onde Bale emagrece de forma etiópica para interpretar o personagem). Embora Bale não seja o típico "brutamontes" que assusta só com sua presença, ele conseguiu personificar perfeitamente o ar assustador do Batman simplesmente com a qualidade de sua atuação. Ao mesmo tempo, ele fugiu do esteriótipo de "super-herói sem defeitos" interpretando um Bruce Wayne extremamente realista, com medos, falhas, defeitos e virtudes. Trocando em miúdos, Christian Bale é o maior responsável pelo enorme sucesso de Batman Begins, e ele já bastava. O próximo mérito é de Liam Neeson, que realmente interagiu muito bem com Bale, interpretando Ra's Al Ghul. Embora bem mais velho, sua excelente forma física nos convence de que ele poderia sim ser um mestre ninja. Mas, não contentes, como deveria ter verba sobrando, ainda contaram com a presença de outros mega super stars do cinema para papéis que mal apareceram no filme. Gary Oldman, Rutger Hauer, Michael Caine e Morgan Freeman dispensam apresentações. Nenhum deles possui nenhuma crítica ruim em nenhum de seus filmes. Dos quatro, apenas Rutger Hauer ainda não ganhou um Oscar (já merecido por sua atuação em Feitiço de Aquila). Como seus personagens nem exigiam muito, serviram para abrilhantar ainda mais nossos olhos durante o filme. Fiquei um pouco decepcionado apenas com Katie Holmes. Embora seja uma atriz de talento mediano, ao lado de tantas estrelas, seu pouco brilho ficou até mais ofuscado. E isso não poderia ocorrer neste filme, já que ela é uma das protagonistas. Mas não foi ruim a ponto de tirar méritos do filme, principalmente porque sua beleza acabou compensando sua atuação.

ROTEIRO E EDIÇÃO - O roteiro é excelente. Mais audacioso seria impossível. Tiveram a coragem de mostrar o que todos sempre quiseram ver: as origens do homem morcego. E digo que foi coragem pois, se a produção fosse ruim, os fãs ficariam muito mais desapontados do que quando viram o George Cloney como Batman, já que as produções de origem exigem uma similaridade muito maior com as hq's, ao contrário de aventuras aleatórias. Outro motivo que demonstra a coragem e vontade de realmente produzir um filme bem feito, é que não simplificaram nas locações, coadjuvantes, cenários, etc. O filme roda o mundo, mostrando Bruce Wayne em favelas, montanhas, desertos, prisão, torres de prédios... Batman sem limites. Parece besteira, mas só o fato de levarem seu treinamento para o pico de uma alta montanha no gelo junto com outros ninjas, já credibiliza seu resultado como o humano mais habilidoso do mundo. E a edição foi espetacular, variando cenas entre passado e futuro, sonho e realidade, sem cair nas armadilhas banais dos famosos flashbacks em momentos cruciais do filme. O filme realmente cumpriu o que prometeu com louvor. Contou a origem de Batman, passando pela infância de Bruce Wayne com sua família, a trágica morte de seus pais, sua juventude e desejo de vingança, a decisão de combater o crime, seu treinamento, como conseguiu seu equipamento (isso realmente sempre foi uma grande dúvida pois, para explicar isso, sempre apresentaram Bruce Wayne como excelente atleta, detetive, químico, arquiteto, designer, mecânico, programador, TUDO.. e isso é difícil de engolir).. e, acima de tudo, conseguiram contar toda esta história de forma cativante, impactante e dinâmica do início ao fim. Realmente não há momentos para ir ao banheiro durante o filme. Tudo é interessante. Tanto, que eu até valorizaria mais o começo do filme e a fase de treinamento na montanha, tornando o filme um pouco mais comprido. Ra's Al Ghul é um grande sábio, e passou tanto conhecimento para Bruce Wayne que até nem deu para captar tudo.. O relacionamento deles valia mais uns 10 minutos de filme fácil. Também foi fenomental adaptar o Espantalho como vilão, e não o Coringa. Demais! Já que o vilão principal era o Ra's, realmente o Coringa iria poluir o filme.


O único detalhe que ODIEI no filme inteiro, também faz menção à Rachel, personagem de Katie Holmes: que mocinha mais interesseira!!! Enquanto ela não sabia que Bruce era o Batman, só desdenhava dele. Aí, quando descobre, aparece no final do filme toda oferecida dizendo "Oh, nunca deixei de pensar em vc..". Então eles se beijam, depois ela DÁ UM FORA NELE!! O BATMAN TERMINA O FILME TOMANDO UM FORA!!! Poxa.. depois de tudo que ele passou, ele poderia dormir sem essa, hein.. Ele devia ter ficado logo com aquelas minas que mergulharam na fonte do restaurante e deixar esta Rachel só com contato na promotoria mesmo.. seria melhor.. rs. Mas todo este mérito de coragem e tudo que descrevi de bom sobre o roteiro e edição vai para o diretor Christopher Nolan que, após dirigir filmes como Amnésia, tinha crédito de sobra para este projeto, e o fez com maestria, respeitando o personagem, o filme, o público e, principalmente, os fãs.

DETALHES DA ADAPTAÇÃO - Não sei se todos perceberam, mas talvez este seja o filme que mais se preocupou em tornar real uma história fictícia. Sempre quando faço a crítica de um filme, tento explicar que o critério principal é a realidade que o filme transmite ao público, independente do quão surreal é a história. Mas poucas pessoas entendem este critério, dizendo: "Oras... se for para ser real, nenhum filme de super-heróis existiria". Bom, talvez com o exemplo de Batman Begins, agora este critério fique mais claro. A idéia não é só fazer filmes com histórias reais, e sim, adaptar o que não for real para realidade, para que o telespectador veja o filme, sinta que o que está vendo é possível na vida real, e consiga interagir com o que está assistindo, de forma que esqueça que está na sala de cinema ou na sala da sua casa, desligue a mente do mundo real e realmente fique imerso no filme. Este é o ideal para todos os filmes. E este objetivo é o mais difícil de alcançar em filmes de super-heróis. Porém, veja em alguns exemplos sutis, Batman Beguins alcançou este objetivo:

POR QUE MORCEGO? - Por que não um leão, ou um dinossauro, ou uma cobra, que são muito mais assustadores do que morcegos? O filme já explica isso nos primeiros 5 min. O pequeno Bruce cai em um buraco num ninho de morcegos que o atacam, e ele fica traumatizado para sempre. A imagem do morcego o aterroriza e, como é a primeira cena do filme, o público em nenhum momento questiona "por que morcego", coisa que não ocorreu em nenhum dos outros filmes (inclusive os do Tim Burton).


MUITOS PAIS MORREM. PORQUE BRUCE WAINE NUNCA SUPEROU ISSO? - Essa é uma pergunta que nem as revistas conseguiram me responder, mas o FILME deixou claro. Se vc for em qualquer favela, vai ver que muitos perdem não só os pais, mais a família inteira por causa do crime. Porém, com Bruce realmente foi diferente. Em poucas cenas do começo do filme e em poucos flashes durante o longa, fica claro que os Wayne tem grana "ilimitada", e Bruce era o ser humano mais mimado do mundo! Um menino fraco, hiper protegido pelo pai que, por ser médico, nem ao hospital o menino ia.  Sempre teve tudo, e tudo mesmo. Logo, quando o menino perdeu a fonte deste "tudo", não é difícil acreditar que este grande trauma o fez surtar, já que ele nunca teve ninguém que o educasse de forma que fosse psicologicamente forte. E é exatamente isso que o Batman é: um herói fisicamente impecável, mas psicologicamente atormentado. E esta grana "ilimitada" possibilitou que ele escolhesse este rumo maluco que sua vida tomou.


COMO BRUCE SE TORNOU O BATMAN? - Após a morte de seus pais, Bruce realmente tentou fazer de tudo: tentou esquecer tudo e ir para faculdade, mas ele mesmo diz que não se enturmou. Tentou matar o assassino de seus pais em público (aceitando o risco de prisão perpétua) mas mataram o cara antes. Tentou abandonar sua riqueza e viver como zé ninguém. Tentou aceitar o treinamento e se tornar membro de um clã de ninjas, mas foi recusado pois era muito piedoso. Só depois disso, ele foi atrás de equipamento e se tornou o Batman. Ou seja, todas estas etapas foram necessárias para nos provar que um herói deste nype não se faz de uma hora para outra. Existe um processo e o processo foi mostrado, ao invés de simplesmente dizerem: "Meus pais morreram, quero me vingar, vou ser o Batman!"


COMO BATMAN ARRANJOU SEU EQUIPAMENTO? - Batman sempre foi tão famoso pelo seus equipamentos imprevisíveis quanto pela sua habilidade de luta. Mas é muito simples dizer "Ele é rico, pode comprar o que quiser". Ok, mas a empresa não iria desconfiar de nada? Não há nenhum registro do equipamento feito e comprado? Bruce estudou engenharia para criar toda esta parafernalha? De onde vem seu conhecimento de química para criar venenos e antídotos??? Muitos fãs dizem que não é preciso explicar tudo. Eu discordo totalmente. E Christopher Nolan concorda comigo, e de forma bem específica, ele respondeu tudo: Na verdade, Bruce não é quimico, nem administrador, nem engenheiro. Ele é um ninja, treinado em artes marciais e suas técnicas de esconderijo e combate. Lucius (Morgan Freeman) é encarregado pela engenharia de máquinas e equipamentos da empresa, onde produzia o que Bruce pedia, e não eram descobertos pois este setor da empresa estava "abandonado". Um detalhe interessante é que Batman, nos quadrinhos e desenhos animados, sempre se comunicou com outras pessoas através de um rádio escondido em algum lugar de seu traje, mas nunca mostravam este rádio. Neste filme, tem uma cena de 2 segundos, que mostra Bruce testando um rádio e depois inserindo na parte interna do chifre de sua máscara. Eu achei isso demais! Pois demonstra a preocupação do diretor em deixar tudo da forma mais clara possível. Fora a parte que explica como a capa fica rígida, como o traje aguenta tiros e facadas, por que na parte do antebraço de sua luva tem aqueles ganchos.. tudo fica claro.


COMO SURGIU ESTA AMIZADE ESTRANHA ENTRE BATMAN E A POLÍCIA? - Isso é algo que também nunca engoli, principalmente naquele antigo seriado do Batman e Robin, ambos conversando com a polícia, em plena luz do dia, sem problemas. Na vida real, a polícia iria prender um sujeito maluco desse, fantasiado, assustando os outros pela noite. Cadeia na certa. Até isso ficou bem explicado de forma convincente no filme: Bruce, quando retorna para Gotham decidido a proteger a cidade do crime, a primeira coisa que faz é procurar aliados honestos com quem pudesse contar, já que sua idéia não era matar todo mundo (como o Justiceiro da Marvel). Sua intenção era levá-los para cadeia e, por isso, não foi aceito na Liga das Sombras. Ao descobrir que o policial Jim Gordon (futuro comissário), Batman não chegou falando "Oi! Vim te ajudar!". Ele chegou sorrateiro, começou entregando algumas provas, estabelecendo contato a distância, até que o policial começou a confiar nele e, já que todos eram corruptos na cidade, Gordon resolveu aceitar a ajuda do estranho. Mas tudo ocorreu aos poucos e, até o final do filme, nenhum policial além de Gordon teve contato amigável com Batman.

Tiveram vários outros detalhes que transmitiram bastante realismo a este filme, mas estes já são suficientes para entender (se não for, peça misericórdia). E a verdade é que, juntando estes fatos "reais", a atuação de Christian Bale e a direção de Nolan, todos os outros grandes atores poderiam ser substituídos por figurantes e ainda sim este filme seria perfeito. Este filme é um dos poucos que superou todas as expectativas, dando origem a uma franquia mais que promissora. E, numa época em que produzir filmes de super-heróis é moda, Batman Begins é a fórmula perfeita para o sucesso. Basta copiar estes mesmos padrões, e nenhum herói será fracasso de bilheteria no mundo real.

4 comentários:

  1. Boa crítica Rubens.

    Também acabei de ver o Batman Begins na TNT.

    Só há um erro no seu texto. O filme que o Christian Bale estrelou não se chama "O Maquinista" e sim "O Operário".

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  2. Valeu pela correção! The Machinist é o nome original. Já corrigi no texto.

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